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O Federal Reserve pode começar a retirar os enormes estímulos para a economia removendo, em primeiro lugar, um pouco da liquidez do sistema financeiro, para só depois subir o juro, disse nesta quarta-feira o chairman do Fed, Ben Bernanke.

O banco central norte-americano injetou mais de 1 trilhão de dólares na economia após cortar o juro a quase zero para combater a pior crise financeira desde a Grande Depressão.

Embora a economia tenha crescido nos últimos dois trimestres, o desemprego se mantém em elevados 9,7 por cento. Bernanke deixou claro que o momento de iniciar o aperto monetário ainda está um pouco longe, mesmo que o Fed já tenha uma ideia mais clara de como proceder.

"Ainda que, neste momento, a economia dos Estados Unidos continue a exigir o suporte de uma política monetária altamente expansionista, em algum ponto o Federal Reserve terá que endurecer as condições financeiras", disse Bernanke, conforme texto preparado para a Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados.

A audiência foi adiada por causa da nevasca que interrompeu a rede de transportes em Washington, mas o Fed decidiu tornar público o conteúdo do discurso de Bernanke.

Bernanke forneceu a descrição mais detalhada até agora sobre o modo como o Fed pretende desmontar o suporte emergencial à economia. Entre as medidas estão uma possível venda de ativos do balanço do Fed e o provável aumento, em breve, da diferença entre as taxas de redesconto e do juro básico.

O Fed pode começar a testar os instrumentos para absorver a enorme quantidade de recursos que despejou no sistema bancário, como acordos de recompra e depósitos a termo. A ação seria tomada em pequena intensidade no começo para preparar os mercados, disse Bernanke.

Depois, com a aproximação do momento de apertar as condições financeiras, o Fed pode aumentar a intensidade dessas operações. A redução do balanço do Fed ajudaria os formuladores de política monetária a apertar o controle sobre o juro de curto prazo, afirmou Bernanke.

Por fim, o Fed elevaria os juros pagos sobre as reservas que os bancos mantêm na autoridade monetária. O aumento dessa taxa incentivaria os bancos a deslocar recursos para o Fed, diminuindo o volume de dinheiro em circulação.

O Fed expandiu muito seu balanço com a aquisição de dívida atrelada a hipotecas, que devem somar 1,45 trilhão de dólares no final de março --quando as compras devem terminar.

Bernanke disse ainda que o Fed não deve vender nenhum desses ativos no curto prazo, "pelo menos não até que o aperto monetário esteja em curso e que a economia esteja claramente em uma recuperação sustentável".

O Fed também vai retomar as normas pré-crise em uma série de instrumentos de crédito, com o aumento, por exemplo, da taxa de redesconto e a redução do prazo máximo de vencimento dos empréstimos nessa modalidade.

Antes do início da crise, na metade de 2007, a taxa de redesconto era 1 ponto percentual maior que o juro básico. Atualmente, essa taxa é de 0,5 por cento e o juro básico está entre zero e 0,25 por cento.

As mudanças na janela de redesconto devem ser vistas como passos em direção à normalização, e não como uma mudança de política monetária, ressaltou Bernanke.

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