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O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Afonso Bevilaqua, anunciou na noite desta quinta-feira que está deixando o cargo. Em seu lugar, assume o atual diretor de Estudos Especiais, Mário Mesquita, que acumulará temporariamente as duas funções e já era cogitado para a função havia alguns meses.

— Estou saindo muito satisfeito — limitou-se a dizer Bevilaqua, que afirmou a interlocutores que a diretoria no BC foi o melhor cargo que já ocupou e o comparou a uma experiência de vida.

Perguntando se estava sofrendo muita pressão no momento, devido ao desempenho do PIB, respondeu:

— Na verdade, nos últimos quatro anos (está sob pressão) — afirmou, sorrindo.

Questionado se, ao perder seu braço direito, estaria mais exposto ao chamado fogo amigo, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, respondeu:

— Ele (fogo amigo) nunca me abandonou.

Mas afirmou que não se sente enfraquecido com as mudanças:

— É normal que profissionais cumpram seu tempo no serviço público — argumentou Meirelles, acrescentando que comunicou hoje mesmo a saída de Bevilaqua ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Apesar de ter anunciado ontem sua demissão, que estava sendo discutida há mais tempo, Bevilaqua ainda não tem data definida para sair do cargo, alegando que tem de fazer a transmissão de suas funções. Segundo Meirelles, "em princípio", ele participará da próximia reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os próximos dia 6 e 7.

Assim que deixar o cargo, o diretor terá de cumprir período de quatro meses de quarentena antes de começar novo trabalho. E já tem planos para esse período.

— Vou estar caminhando na praia — afirmou ele, que mora no Rio de Janeiro.

Bevilaqua tem forte formação acadêmica e é ligado à PUC-Rio, de onde também surgiram o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e o ex-presidentes do BC Gustavo Franco e Armínio Fraga. A tradição da Escola é o pensamento chamado ortodoxo.

Foi lá também que Mário Mesquita fez o seu mestrado em economia e, na avaliação de especialistas e de parte do governo, tem perfil bastante parecido com o de Bevilaqua.

Para Meirelles, isso não é importante porque as decisões do BC não são tomadas individualmente, mas sim de forma colegiada. Por isso, o presidente do BC não acredita que possíveis críticas que possam surgir pela troca de Bevilaqua por Mesquita vão afetar o trabalhos da autoridade monetária.

— Não posso condicionar (as ações do BC) ao que estão dizendo.

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