Tendência
Indústria aposta nos modelos elétricos
Uma aposta para conquistar novos clientes e finalmente aumentar a produção está na regulamentação das bicicletas elétricas. Ainda em fase de elaboração, os fabricantes acreditam que a adoção do modelo europeu vai ajudar no crescimento do mercado.
"É uma bicicleta sem acelerador, com cara de bicicleta, mas com a tecnologia elétrica. É um produto que pode impulsionar a indústria e o comércio a partir do ano que vem", afirma José Eduardo Gonçalves, da Abraciclo.
As bicicletas elétricas têm um motor que funciona quando o ciclista pedala e que pode chegar a 55 km/h. A partir do momento em que for regulamentada no Brasil, a bicicleta elétrica deve custar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Os movimentos pró-mobilidade urbana e a popularização da bicicleta não são suficientes para aumentar a produção ou o consumo das bikes no Brasil, mas devem garantir aumento no faturamento de fabricantes e varejistas. O motivo: cada vez mais os usuários trocam as antigas "magrelas" por bicicletas mais modernas e com maior valor agregado. A mudança de perfil promete movimentar R$ 900 milhões em 2013, 10% a mais que em 2012.
Na última década, a produção nacional manteve sua média nominal histórica, de 4,5 milhões de unidades. O consumo também se mantém pouco acima das 5 milhões de bikes. O que mudou no período é o perfil das magrelas, que agora têm cada vez mais tecnologia e acessórios.
Em 2009, 60% do mercado era tomado por bicicletas monomarchas, o modelo mais simples possível, e 40% era de bicicletas multimarchas. Hoje o mercado é igualmente dividido, mas com tendência de domínio das bicicletas mais elaboradas para os próximos anos. Os preços da maioria dos modelos vão de R$ 250 a R$ 3 mil.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas (Abraciclo), José Eduardo Gonçalves, os usuários buscam mais conforto, desempenho e design. "A bicicleta é uma moda hoje, tem toda a opinião pública em seu favor. É barata, fez bem à saúde e não polui", explica. "Chega a ser incoerente que, com toda esta propaganda positiva, a produção não aumente ano a ano", afirma.
A explicação dos fabricantes para que isso não aconteça é que no Brasil já existem mais de 70 milhões de bicicletas rodando e 7% delas são trocadas ano a ano. "É uma bicicleta para cada três habitantes. É muita coisa", conclui Gonçalves.
José Luiz Hunger, proprietário da Hunger Bikes, confirma o movimento. "A primeira bicicleta que o usuário compra tem um perfil. Dali dois ou três anos, ele vai querer uma melhor, mais equipada, mais confortável. É natural que nas compras seguintes, ele adquira um produto mais sofisticado", afirma.
O empresário Carlos Cancusso, da Bicicleta Mania, explica que o surgimento de novos modelos também têm atraído novos adeptos. "Com uma variedade maior, como as bicicletas híbridas mountain bikes e bicicletas dobráveis, há uma chance maior de angariar novos ciclistas", completa.
Mais transporte
O cicloativismo também tem mudado a finalidade do uso das bicicletas. Atualmente, 50% das bikes compradas em território nacional são usadas para transporte e locomoção, de acordo com a Abraciclo. Do restante, 32% são infantis, 17% são usadas para recreação e 1%, para competição.
Exportações não resistem ao avanço chinês
O Brasil é o terceiro maior fabricante e quinto maior mercado consumidor de bicicletas, mas vê suas exportações caírem drasticamente ano após ano. De 33 mil unidades de 2006, as vendas ao exterior caíram a 2,4 mil em 2011, segundo a Abraciclo.
A queda se dá pelo domínio dos produtos chineses, que já têm 70% do mercado mundial e avançam também sobre o Brasil. Ainda que as importações de bicicletas montadas se mantenham estáveis, o número de componentes made in China nos produtos nacionais avança. A estimativa de revendedores é de que mais de 50% dos materiais usados nas bikes brasileiras vêm do outro lado do mundo.
Para conter o movimento, o Ministério do Desenvolvimento elevou, há dois anos, a alíquota de importação de bikes, de 20% para 30%.
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