Ouça este conteúdo
A Bolsa de Valores de São Paulo – a B3 – abriu a sexta-feira (11) em alta de revertendo as perdas do dia anterior em que fechou em forte queda de 1,13% em reação à guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China. Por volta das 11h, as negociações do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, estavam em 0,51%, enquanto que o dólar caía 0,24% a R$ 5,88.
A reação da bolsa brasileira contrastou com as europeias, que iniciaram o dia em baixa após a China rebater a taxação de 145% dos Estados Unidos com uma retaliação de 125% sobre os produtos americanos.
Um pouco mais cedo, o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin (PSB) se reuniu por videoconferência com o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao para discutir a taxação e a parceria bilateral entre os dois países.
“Trocaram impressões sobre as alterações tarifárias em curso no cenário internacional. Convergiram na defesa do multilateralismo e do sistema internacional de comércio baseado em regras, com o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, disse o Palácio do Planalto em nota pouco depois da conversa.
China reage aos EUA
A China anunciou nesta sexta-feira (11) um novo aumento nas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos, passando de 84% para 125%. A medida, que entra em vigor em 12 de abril, foi oficializada pelo Comitê de Tarifas Aduaneiras do Conselho de Estado como resposta ao novo pacote tarifário aprovado por Washington. A decisão agrava a já tensa relação comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Em comunicado, o governo chinês acusou os Estados Unidos de “violar gravemente as regras do comércio internacional” e adotar “uma política unilateral de assédio e coerção”. Segundo o texto, “os EUA ignoraram a ordem econômica global que ajudaram a construir após a Segunda Guerra Mundial” e a paciência de Pequim “tem limites”.
O documento ainda adverte: “Se Washington insistir em infligir danos substanciais aos interesses da China, esta responderá com firmeza e seguirá até o fim”.
VEJA TAMBÉM:
Embora o tom seja contundente, o comunicado ressalta que os produtos americanos já perderam competitividade no mercado chinês, o que tornaria os novos aumentos tarifários “irrelevantes” e “uma zombaria na história da economia global”.
O anúncio vem dois dias após Pequim elevar de 34% para 84% as tarifas sobre itens norte-americanos, em reação a uma tarifa extra de 50% imposta anteriormente pelo governo de Donald Trump. Em resposta, os EUA aumentaram ainda mais as taxas, elevando a carga tributária total sobre produtos chineses para 145%, incluindo as tarifas anteriores.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que o país “não quer uma guerra comercial, mas não tem medo dela”. Ele apelou para que os EUA “deixem a pressão de lado” e busquem resolver o impasse “por meio do diálogo”.
Para Lin, as medidas de Pequim “não apenas protegem seus próprios interesses legítimos, mas também salvaguardam a ordem internacional e os direitos de todos os países afetados pelo unilateralismo americano”.