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O principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, acompanhou o bom humor externo nesta quinta-feira (29) e fechou em alta de 0,11%, a 49.921 pontos. Os investidores avaliaram o forte crescimento da economia americana no segundo trimestre e sinais de que um ataque de potências ocidentais contra a Síria pode ser adiado. O ganho do índice foi amenizado pela queda das ações mais negociadas da Petrobras (-1,52%, R$ 16,90) e da Vale (-1,44%, R$ 30,80).

"Boa parte das ações do Ibovespa subiram hoje, com exceção das mais negociadas. Houve uma saída natural de final de mês dos investimentos nesses papéis -como Petrobras e Vale- para outros, com os investidores visando lucros maiores", diz Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos.

A baixa de 12,28% dos papéis da petroleira de Eike Batista, OGX, para R$ 0,50, também pressionou o Ibovespa. Segundo apurado pela reportagem, a petroleira de Eike Batista, que está quase sem dinheiro em caixa, deve para as empresas Schlumberger, Diamond, Pride e Chouest. Repercutiu ainda a divulgação de que Eike se desfez de ações da OGX e que pretende vender mais ativos de seu grupo.

EUA

Segundo analistas, o mercado viu como positivo o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, ontem, dizendo que ainda não tomou uma decisão sobre um ataque contra o governo sírio. "Um conflito nesse momento aumentaria os custos da economia americana e poderia prejudicar sua recuperação. Além disso, como a Síria fica em uma região estratégica para o escoamento de boa parte da produção de petróleo mundial, a ação militar pressionaria ainda mais os preços dessa matéria-prima, impactando o mercado financeiro", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Os investidores repercutem ainda a revisão do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre para um crescimento de 2,5%, surpreendendo analistas. A primeira prévia havia sido de 1,7%.

"Apesar da melhora do número a análise detalhada do resultado mostra que consumo e investimento foram revisados para baixo, sendo que toda surpresa positiva ficou com o aumento de exportações e redução de importações", diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora.Segundo Gala, a economia americana está se recuperando, mas com pouca consistência, especialmente no que diz respeito a investimento e consumo. "Mesmo assim o número é positivo e deve levar o banco central americano a reduzir os estímulos ou até mesmo interrompe-los completamente", avalia.

Embora a perspectiva de corte no estímulo americano seja negativa para as Bolsas, o economista-chefe da consultoria Lopes Filho, Julio Hegedus, destaca que "os investidores estão olhando com otimismo para o fato de que a economia dos EUA, que representa cerca de um terço do PIB mundial, está se recuperando."

Para injetar recursos na economia, o Fed recompra mensalmente, desde 2009, US$ 85 bilhões em títulos do governo -como parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive o Brasil, a possibilidade de um corte no incentivo desagrada o mercado.

Além disso, investidores preveem que, encerrada a recompra de títulos, o próximo passo será o aumento do juro dos EUA, hoje quase zero. Juro mais alto deixa os títulos do Tesouro americano, remunerados pela taxa, mais atraentes que aplicações de maior risco, como Bolsas, especialmente de emergentes.

Dólar

A perspectiva de fuga de investimentos e menor oferta de dólares nos emergentes colaborou para que a moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechasse o dia em alta de 0,97% em relação ao real, cotada em R$ 2,360 na venda. Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, avançou 0,93%, a R$ 2,370.

Vale ressaltar que ambas as cotações do dólar são referências nos cenários mencionados: mercado financeiro e comércio exterior. O consumidor que vai comprar a moeda para viajar, por exemplo, pagará preços diferentes, que variam conforme o banco ou corretora, e, em geral, são mais altos que as referências de mercado. O Banco Central vendeu pela manhã 10 mil contratos de swap cambial por US$ 498,2 milhões. Os papéis têm vencimento em 2 de dezembro de 2013. A operação não conseguiu evitar o avanço da moeda no dia.

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