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O dia foi de queda generalizada nas Bolsas de Valores do mundo inteiro em meio a uma possível ação militar dos Estados Unidos contra o governo da Síria, motivada por um suposto ataque com armas químicas que teria ocorrido na semana passada. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, intensificou a baixa na última hora de negócios e fechou com perda de 2,6%, a 50.091 pontos. Foi maior queda diária do índice desde 2 de julho, quando se desvalorizou 4,24%.

O clima de cautela nos mercados aumentou depois que o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, disse que o país está pronto caso o presidente Barack Obama ordene uma intervenção militar na Síria. "Um possível ataque dos aliados dos Estados Unidos contra o governo sírio é uma expectativa a mais no mercado, que já vem sofrendo com as indefinições sobre o estímulo econômico americano", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

A Síria não é o principal produtor de petróleo do mundo, mas está situado próximo ao canal de Suez, que liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar Vermelho. Essa é a rota por onde boa parte do petróleo mundial passa.

O temor é que o possível conflito na região possa afetar, além da produção síria de petróleo, o escoamento da produção de outros grandes produtores, como a Arábia Saudita e o Irã.

Nesse cenário, o principal contrato do barril de petróleo negociado na Bolsa de Nova York teve alta de 2,95% hoje, para US$ 109,01 -maior valor em 18 meses. Já o barril de petróleo Brent, negociado no mercado de Londres, subiu 3,56%, a US$ 114,29. "A alta do petróleo no exterior tem efeito negativo sobre a Petrobras, que importa derivados, como a gasolina, e vende por um preço menor no Brasil", diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.

A ação preferencial (mais negociada e sem direito a voto) da estatal caiu 4,07% hoje, para R$ 17,45. Já os papéis ordinários (com dereito a voto) cederam 3,33%, a R$ 16,57. No ano, as perdas são de 10,6% e 15,2%, respectivamente. Juntas, as duas ações da Petrobras representam cerca de 11% do Ibovespa."A questão do petróleo e o conflito na Síria ofuscou a expectativa pela reunião do Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil], que teve início hoje e dura até amanhã", diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora.

O consenso do mercado é que a autoridade monetária brasileira vai subir o juro básico (a Selic) de 8,5% para 9% ao ano. O comunicado que acompanha a decisão sobre a Selic pode indicar até quando o ciclo de aumento no juro básico vai durar, por isso, merece atenção, segundo especialistas.

Dólar

Apesar de o clima de cautela ter feito muitos investidores correrem para aplicações consideradas mais seguras, como o câmbio, o dólar comercial -utilizado no comércio exterior- inverteu na última hora de negócios a alta vista ao longo de quase todo o dia e fechou em queda de 0,67% em relação ao real, a R$ 2,368. O movimento, segundo operadores de câmbio, refletiu operações pontuais do mercado.

Já o dólar à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, fechou o dia em alta de 0,36%, a R$ 2,395.Vale ressaltar que ambas as cotações do dólar são referências nos cenários mencionados: mercado financeiro e comércio exterior. O consumidor que vai comprar a moeda para viajar, por exemplo, pagará preços diferentes, que variam conforme o banco ou corretora, e, em geral, são mais altos que as referências de mercado.

Leilões

O Banco Central vendeu pela manhã 10 mil contratos de swap cambial, operação que equivale à venda da moeda americana no mercado futuro, por US$ 498,1 milhões. Os papéis têm vencimento em 2 de dezembro de 2013.

A operação é parte do plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O plano do BC -que começou a valer na última sexta-feira (23)- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.

Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.

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