Bolsa lidera investimentos pelo 2º mês

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Com notícias referentes ao cenário interno favorecendo em abril o desempenho de ações de peso na Bolsa brasileira, como as de empresas estatais, o Ibovespa, principal índice do mercado, teve o segundo mês seguido de alta (2,40%), fazendo com que os fundos de ações livres alternativa para o investidor que deseja aplicar no mercado acionário mais uma vez liderassem o ranking mensal de investimentos feito pela reportagem da Folha de S.Paulo.

Em 12 meses, porém, o Ibovespa ainda acumula queda de 5,94%, o que empurra o desempenho dos fundos para baixo no período. O ranking considera o rendimento das aplicações descontado o Imposto de Renda, quando incidente, para resgate após 12 meses. Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado.

Em abril, os fundos de ações livres tiveram valorização de 0,92% após IR, enquanto, em 12 meses, a perda é de 1,27%, segundo cálculos a partir de dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

A inflação projetada para o mês (pelo IPCA, índice oficial) é de 0,80%, segundo pesquisa mais recente do Banco Central com economistas. E a acumulada em 12 meses (até março, dado mais recente disponível) ficou em 6,15%. "É importante o investidor comparar essas diferenças para perceber que movimentos de curto prazo não devem ser usados como base para decisão de entrar em um investimento ou sair", diz Mauro Calil, consultor de finanças pessoais. "É prejudicial mudar de aplicação de 30 em 30 dias. Isso gera custo. As alíquotas de IR podem subir, como no caso dos fundos de renda fixa", afirma.

Na avaliação de Calil, para analisar se o desempenho de um investimento tem sido bom ou ruim, é preciso considerar um período de pelo menos 90 dias. "Na renda variável então, que oscila mais, o prazo mínimo é de seis meses."

Causas e perspectivas

Na Bolsa, ajudou a impulsionar os preços das ações de estatais a perda de espaço da presidente Dilma Rousseff em pesquisas eleitorais sobre a corrida pelo Planalto.A avaliação de investidores é que, com outro governo, o uso dessas empresas como instrumento político seria menor, o que melhoraria a gestão das companhias e seus resultados operacionais e financeiros.Em 12 meses, porém, pesou contra o mercado local a recuperação da economia dos EUA, que passou a atrair para si mais investimentos, em detrimento de países emergentes, e sinais de desaceleração da China, importante mercado consumidor de matérias-primas brasileiras.

Dólar

Na outra ponta do ranking, o ouro (com queda de 1,06%, dado preliminar) e os fundos cambiais (baixa de 1,05%) em razão do desempenho do dólar (desvalorização de 0,89%, considerando o dólar à vista, referência no mercado financeiro) foram as alternativas menos rentáveis em abril.Em 12 meses, porém, os fundos cambiais sobem 10,27% após desconto de IR. O dólar à vista sobe 11,62%.

A queda da moeda americana no mês é considerada pontual por analistas e atribuída, em parte, ao aumento do juro básico do país (a taxa Selic), hoje em 11% ao ano. Juros mais altos deixam mais atraentes os títulos públicos do país, o que tende a atrair mais investidores estrangeiros e empurrar as cotações do dólar para baixo.

No longo prazo, porém, a avaliação de mercado é que o dólar volte a subir, também em razão da recuperação dos EUA, que tende a atrair de volta os investimentos estrangeiros. A última pesquisa do BC brasileiro com economistas projeta o dólar em R$ 2,45 no fim deste ano.

Renda fixa

O rendimento dos fundos de renda fixa (que aplicam principalmente em títulos públicos e privados prefixados) superou o dos DI (que investem em pós-fixados) em abril, o que não acontece no acumulado dos últimos 12 meses, após desconto de IR (desempenho de 6,99% e 7,65%, respectivamente).No mês, a poupança, para todas as datas de depósito, rendeu 0,55%. Em 12 meses, os resultados variam, em razão da taxa Selic, que era mais baixa no início do período. O ganho foi de 7,16% para depósitos feitos até 3 de maio de 2012 e de 6,87% para os realizados depois disso. Não há IR na poupança.