Bolsa recua 3,5%, na pior queda em 3 meses

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São Paulo - Dois dias após atingir o recorde do ano, a bolsa brasileira cedeu 3,54% e voltou aos 52.086 pontos. Foi a maior correção nos preços das ações em um único dia desde 2 de março, quando o índice recuou 5,1%, ainda antes de ganhar força a recuperação nos mercados globais.

A retração no preço de papéis brasileiros foi uma das mais violentas ontem no mundo, seguindo a forte desvalorização nos preços de commodities como petróleo, que recuou também 3,54% em Nova Iorque.

O mau humor foi detonado ontem pela recuperação ainda lenta do setor de serviços e pela debilidade do mercado de trabalho norte-americano em maio – pesquisa da consultoria privada ADP mostrou o corte de 532 mil postos; a pesquisa oficial de emprego sai hoje.

A Bolsa de Nova Iorque teve baixa de 0,75% no índice Dow Jones e de 1,37% no Standard & Poor’s 500. A bolsa Nasdaq recuou 0,59%. "As commodities caíram no mundo inteiro. Todo mundo se assustou. Vemos que a economia mundial não está tão forte assim’’, disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Fair Corretora.

Ações de Vale e Petrobras, as de maior liquidez do mercado brasileiro, estiveram entre as maiores baixas ontem. Os papéis ON da Vale recuaram 4,15%, e os da Petrobras, 4,43%.

Para Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora, o Brasil devolveu com força parte dos ganhos acumulados no ano. Ele relata que a maior parte das vendas de papéis ontem foi de fundos estrangeiros.

"A gente teve um descolamento muito grande dos outros mercados nas últimas semanas. Agora devolvemos um pouco. (Ontem) foi um dia absolutamente normal nos mercados externos e não tão normal para a gente. Como temos muita gordura ainda, pode ser que a correção seja um pouco maior aqui", disse Bandeira.

Segundo Fausto Gouveia, economista da Legan Asset, o mercado deu uma "freada" para tomar fôlego e reavaliar se os preços das ações estão refletindo as perspectivas de lucros das empresas. "O mercado saiu de 40 mil pontos para 54 mil em uma pernada só. Na euforia, o estrangeiro não quer perder o trem e acaba pagando qualquer coisa. A correção traz essa cotação inflada para um patamar mais real."

BC age

No Brasil, o pessimismo global ajudou o Banco Central a levar o dólar de volta para R$ 1,964. A moeda terminou o dia com alta de 2,09%. Foi a primeira valorização da divisa americana após oito dias seguidos de desvalorização.

Operadores relatam que o BC teria aproveitado o ambiente favorável para comprar um pouco mais de dólares do que os US$ 50 milhões diários habituais, o que teria ajudado na valorização da moeda. O volume não foi divulgado. "O Banco Central agiu com a correnteza. Pode ter comprado um pouco mais’’, disse Carreira, da Fair Corretora.