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Dólar sobe ante real pelo segundo dia, com foco no Fed e eleições

O dólar fechou com alta de cerca de 1% ante o real nesta terça-feira (9) pelo segundo dia consecutivo, diante de temores renovados de que os juros nos Estados Unidos possam subir antes do esperado, enquanto investidores aguardam as próximas pesquisas eleitorais no Brasil.

A moeda norte-americana subiu 0,91%, a R$ 2,2862 na venda, maior cotação de fechamento em duas semanas, depois de avançar 1,16% na véspera. Na máxima da sessão, o dólar chegou a ser cotado a R$ 2,2935. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,1 bilhão de dólares. "Tudo que tivemos no fluxo de notícias, seja aqui ou lá fora, contribuiu para levantar o dólar", resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.

O Federal Reserve de San Francisco publicou na véspera estudo mostrando que investidores precificam juros baixos por mais tempo e aperto monetário mais lento do que esperam os próprios integrantes do banco central norte-americano. Economistas das principais instituições de Wall Street, por exemplo, projetam a primeira alta de juros no terceiro trimestre de 2015, com as taxas fechando 2015 a 0,75% e 2016 a 2,13%, segundo o estudo. Já as autoridades do Fed veem os juros a 1% no final do ano que vem, chegando a 2,5% no fim de 2016.

O documentou impulsionou a moeda dos EUA em escala global, uma vez que juros norte-americanos mais altos poderiam atrair recursos atualmente aplicados em outros mercados. No exterior, pesavam ainda preocupações com a possibilidade de a Escócia votar a favor da independência do Reino Unido.

O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta terça-feira (9) em queda pelo quinto dia consecutivo, com o noticiário negativo do pregão norteando a decisão dos investidores de vender ações e embolsar os fortes lucros registrados nos últimos meses. A baixa do Ibovespa foi de 0,87%, para 58.676 pontos. O volume financeiro foi de R$ 8,970 bilhões -um pouco acima da média diária do mês de setembro, de R$ 8,283 bilhões.

Analistas ouvidos pela reportagem disseram que dois fatores colaboraram para o mau humor dos investidores nesta terça (9). Um deles foi a divulgação do levantamento CNT/MDA, no qual a presidente Dilma Rousseff (PT) diminuiu a diferença para a ex-ministra Marina Silva (PSB) em um eventual segundo turno da eleição presidencial de outubro. As duas candidatas estão em empate técnico, com 42,7% e 45,5%, respectivamente.

Em menor grau, também pesou a notícia de que a agência de classificação de risco Moody's rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota de crédito do Brasil. O rating soberano do país, no entanto, foi reiterado em "Baa2", o segundo rating acima do grau especulativo, de menor segurança para os investidores.

Tendência

Para Wagner Caetano, diretor da consultoria Cartezyan, ambas as notícias podem ameaçar a tendência de alta que o Ibovespa vem apresentando desde março, quando os primeiros levantamentos de peso sobre a eleição presidencial de outubro foram divulgados. "Entre os investidores, o que poderia trazer o índice para baixo novamente seria a reação do PT em pesquisas eleitorais, pois há insatisfação com o atual governo, ou o Brasil ser rebaixado por agências de risco", afirma. "O desafio é entender se há uma correção de curto prazo ou uma reversão da tendência de alta do Ibovespa. Se a queda continuar nos próximos dias, podemos dizer que a tendência mudou. Temos que observar", acrescenta.

O corte na perspectiva do rating brasileiro, segundo Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, foi recebido pelo mercado de forma mais amena por causa do atual cenário de deterioração econômica. "Foi um puxão de orelha tanto no atual governo quanto no próximo. A agência basicamente sinalizou que se a futura gestão do país não tomar medidas para reverter o quadro de deterioração econômica, o rating nacional será cortado", diz.

Para os analistas, o cenário eleitoral continua na pauta dos investidores e devem ganhar ainda mais destaque nesta semana os levantamentos Datafolha e Ibope previstos para os próximos dias, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os quais deverão mostrar a percepção dos eleitores sobre os recentes escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e a decisão da Moody's.

Ações

As ações das estatais continuam sendo as que mais sofrem instabilidade, na esteira da corrida eleitoral. Os papéis preferenciais da Petrobras (sem direito a voto) chegaram a subir mais de 1% ao longo do dia, mas inverteram a tendência e fecharam em baixa de 1,01%, a R$ 21,48 cada um. O Banco do Brasil teve perda de 0,43%, para R$ 32,35. Já a ação ordinária (com direito a voto) da Eletrobras mostrou desvalorização de 2,80%, a R$ 7,29.

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