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Lázaro Ramos e Pedro Fonda em cena de "O Cobrador" | Divulgação/Festival de Cinema de Gramado
Lázaro Ramos e Pedro Fonda em cena de "O Cobrador"| Foto: Divulgação/Festival de Cinema de Gramado

Acompanhando o ritmo das bolsas internacionais, a Bovespa voltou a cair com força no pregão de ontem, encerrando em baixa pelo sexto dia consecutivo e caindo ao menor patamar desde 13 de abril. A cotação do fechamento, no entanto, foi bem mais alta que as do início da sessão, quando o Ibovespa (principal indicador da Bolsa) despencou quase 9%, devolvendo praticamente todos os ganhos obtidos no ano. Como muitos investidores aproveitaram a forte desvalorização para comprar ações que ficaram "baratas", as perdas foram limitadas: no fim da sessão, o Ibovespa marcou 48.016 pontos, com desvalorização de 2,58%. No ano, o indicador acumula ganhos de 8%.

O dólar, por sua vez, subiu pelo terceiro dia seguido e chegou a bater em R$ 2,13, mas recuou e encerrou com alta de 3,05%, a R$ 2,093 – o maior nível de fechamento desde 14 de março. O câmbio acumula alta de 11,2% em agosto mas, em 2007, ainda registra leve queda de 2,1%. Para a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o impacto da recente valorização sobre as exportações deste ano deve ser pequeno, já que os contratos de manufaturados costumam ser fechados com quatro meses de antecedência. No caso das commodities, que têm contratos mais "curtos", o impacto pode vir ainda em 2007. O problema é que o preço de alguns produtos pode cair se a economia global perder ritmo – no caso das commodities metálicas, isso já está ocorrendo, por conta da crise imobiliária dos Estados Unidos (EUA), pivô do nervosismo das bolsas de todo o mundo.

A alta do dólar, que tende a dificultar o controle da inflação no Brasil, também pode influenciar as decisões do Banco Central. A maioria dos analistas mantêm a aposta de que a Selic (taxa básica de juros, referência para os empréstimos) vai cair 0,25 ponto em setembro, para 11,25% – seria um recuo inferior ao da última reunião (0,5 ponto).

Thiago Davino, economista-sênior da Uptrend Consultoria, de Curitiba, explica que a nova queda das bolsas foi motivada pelo acúmulo de notícias negativas sobre o setor imobiliário norte-americano. Ontem, a Countrywide Financial, principal financiadora do setor, assumiu que não tem capital de giro e pediu empréstimo de US$ 11,5 bilhões. Na seqüência, dois indicadores da construção civil ficaram abaixo do esperado.

"A crise imobiliária dos EUA já causou problemas em bancos e fundos da França, Alemanha e Austrália. As dúvidas que geram apreensão são em relação a quem será a próxima vítima e se a economia global pode ser afetada." Segundo Davino, se for confirmada uma recessão nos EUA, as perdas ao redor do mundo tendem a ser menores que as observadas na década passada. "Desta vez temos a pujança da China e da Índia, que podem contrabalancear os problemas americanos."

Para Ricardo Binelli, diretor da Petra Corretora em São Paulo, o comportamento da Bovespa não encontra justificativas dentro do Brasil – e foi a impressão de que as perdas eram exageradas que motivou investidores a comprar papéis na tarde de ontem, reduzindo a queda. "Se olharmos os resultados de nossas empresas, da nossa economia, está tudo em ordem", avalia. Dois exemplos do "exagero" foram, segundo ele, as cotações da varejista Renner – que chegou a cair 17% e fechou em baixa de 3,5% – e da construtora Rossi, que no pior momento do dia recuou quase 16% mas encerrou com desvalorização de 5%. "O mercado imobiliário brasileiro vive momento oposto ao americano. O que pressiona é o comportamento de manada dos investidores."

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