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A crise de dívida soberana na Europa e as incertezas sobre o crescimento econômico global fizeram a bolsa paulista recuar 2 por cento nesta sexta-feira, acumulando baixa de 7,4 por cento em setembro.

De julho a setembro, a desvalorização do Ibovespa --principal índice de ações brasileiras-- foi de 16,2 por cento. É o pior desempenho trimestral desde o final de 2008, quando o mercado ressentia a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.

No exterior não foi diferente. Os principais índices acionários de Nova York e na Europa também amargaram no trimestre as piores perdas em três anos.

Nesta sessão, o Ibovespa caiu 1,99 por cento, a 52.324 pontos. O giro financeiro foi de 6,43 bilhões de reais.

Depois de cair nos seis últimos meses, o mercado local pode subir em outubro e até dezembro, segundo profissionais ouvidos pela Reuters. A cautela, contudo, ainda é palavra de ordem.

"Esse último trimestre deve ser mais positivo para a bolsa. Os governos e os bancos centrais do mundo vão ter que agir mais do que fizeram até agora, e o mercado pode melhorar", afirmou o diretor da Ativa Corretora, Álvaro Bandeira.

Uma pesquisa da Reuters, com 17 analistas, indicou que a expectativa é de que o Ibovespa atinja os 62 mil pontos no fim do ano, o que representa um ganho de 18,5 por cento em relação ao nível atual. As projeções variaram de 50 mil a 71 mil pontos. Em junho, uma pesquisa da Reuters previa fechamento no ano a 71.650 pontos.

O estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, acredita que boas notícias devem vir da Europa em outubro, aliviando o comportamento das bolsas.

"A expectativa é de que a Grécia receba parcela de empréstimo e que as autoridades consigam avançar em um acordo para blindar os bancos europeus."

Rostagno considerou que a bolsa brasileira já está muito descontada e que só com um "evento catastrófico, como a quebra de um banco", o Ibovespa cairia abaixo dos 50 mil pontos.

Ainda assim, há quem esteja mais pessimista e não descarte um novo mês de queda na Bovespa, como é o caso da chefe de gestão de fortunas da Mirae Securities, Luciana Pazos.

"É difícil trabalhar com um cenário de recuperação. É preciso medidas mais concretas (para evitar a recessão), principalmente na Europa", afirmou. "Não descartamos uma nova queda e trabalhamos com um cenário mais negativo que positivo."

Além da Europa, Luciana lembra que a situação econômica nos Estados Unidos preocupa, principalmente o mercado de trabalho e a alta taxa de desemprego, que afetam o consumo local, o principal "motor" da economia norte-americana.

No lado positivo, Luciana destaca a expectativa de redução do juro no Brasil. "Se não houver quebra da Grécia ou de algum banco e passarmos por outubro e novembro com queda de juros no Brasil, a bolsa brasileira pode melhorar", opinou.

VAREJO E CONSTRUÇÃO EM BAIXA

Nesta sexta, entre as ações do Ibovespa, as maiores quedas ficaram com os setores de consumo e construção.

A Hypermarcas teve o pior desempenho, desabando mais de 9 por cento, a 8,84 reais, seguida por B2W, com baixa de 6,9 por cento, a 14,70 reais, e por Gafisa, com perda de 6,77 por cento, a 5,37 reais.

O Goldman Sachs reduziu seu preço-alvo para os papéis da B2W e outros do setor de consumo, por considerar que a desaceleração do crescimento da economia brasileira e a queda na confiança do consumidor indicam um consumo mais fraco no segundo semestre.

Entre as poucas altas da carteira teórica neste pregão, destaque para Marfrig, com valorização de 6,79 por cento, a 6,13 reais. A ação do frigorífico, porém, tem a maior queda acumulada dentro do Ibovespa, com perda de mais de 60 por cento, em meio às preocupações com o endividamento da empresa.

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