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O principal índice da Bovespa fechou em alta nesta segunda-feira (30), mas encerrou 2013 com o pior desempenho entre os principais índices acionários globais e, em meio a um cenário repleto de incertezas, especialistas estão pouco otimistas em relação a 2014. O Ibovespa subiu 0,47% nesta sessão, a 51.507 pontos, guiado pelas ações preferenciais da Vale e da Petrobras. O giro financeiro somou R$ 4,1 bilhões. Em dezembro, o índice acumulou perda de 1,86%.

No ano, a perda do Ibovespa totalizou 15,5%, ante alta de 7,4% em 2012, enquanto o índice norte-americano Dow Jones caminha para ganho anual de cerca de 26% e o europeu FTSE 300 para valorização de cerca de 16%. Em dólar, o Ibovespa acumulou queda de 26% em 2013.

Foi a pior performance do mercado brasileiro de ações desde a queda de 18,11% em 2011, recuperada em parte no ano passado, com valorização de 7,4%. Com o dólar em alta, registrando recuperação de 15,3% no ano, cotado a R$ 2,357 para venda no pregão desta segunda, o Ibovespa acumulou perdas de 26% em 2013. No ano passado, o Ibovespa teve ganhos de 7,4%.

Pelas contas da Economática, a Bovespa teve o segundo pior desempenho entre nove bolsas acompanhadas pela consultoria. Ganha apenas do mercado de ações do Peru, que perdeu 24,4% no ano, sem considerar o câmbio, enquanto o índice Dow Jones, dos Estados Unidos, ganhou 26%, e o principal índice da União Europeia, o FTSE 300, recuperou 16%. Cita também ganhos expressivos das bolsas venezuelana e argentina e registra pequenas quedas das bolsas do México e do Chile.

Análise

Enquanto mercados desenvolvidos como a Europa e os Estados Unidos se beneficiaram de sinais de recuperação econômica, a deterioração do cenário fiscal brasileiro, o crescimento econômico baixo e a pressão inflacionária mantiveram investidores distantes do mercado doméstico de ações. "Foi outro ano perdido", disse Débora Morsch, sócia da Zenith Asset Management. "O governo mostrou que está mais interessado em políticas econômicas de curto prazo do que em reformas. Há outros mercados com menores riscos institucionais e regulatórios", acrescentou.

De acordo com a Economatica, em 2013 o valor total de mercado das empresas brasileiras teve recuo de cerca de 216 bilhões de dólares, perda acentuada pela alta do dólar ante o real. Além disso, o valor de mercado das companhias fechou o ano abaixo de 1 trilhão de dólares, nível que se mantinha constante desde 2009.

Em tal cenário, as perspectivas para o próximo ano são pouco otimistas. Segundo pesquisa feita pela Reuters mais cedo neste mês, especialistas preveem que o Ibovespa vai avançar para 55 mil pontos até meados de 2014 e atingir 59 mil pontos no fim do ano que vem. Mesmo assim, tal desempenho não seria suficiente para levar o índice ao nível de fechamento de 2012, a 60.952 pontos.

Analistas alertam para a possibilidade de que não haja grandes mudanças em termos de política econômica antes da eleição presidencial de outubro, assim como deve permanecer o risco de rebaixamento da nota de crédito no Brasil. Além disso, o banco central norte-americano dará início em janeiro à redução de seu programa de compra de ativos, que tem sido favorável aos preços de ações, e pode começar a elevar os juros em 2015. "Esses fatores acabam segurando (a Bovespa). Não tem muito espaço para cair, já recuamos muito em relação a outros emergentes e a bolsa não está cara... então deve ficar meio de lado e ter uma pequena recuperação (em 2014)", afirmou o sócio da Cultinvest Asset Management, Walter Mendes.

Investidores devem passar o próximo ano garimpando bons ativos, com o foco em empresas que consigam se beneficiar da perspectiva de alta do dólar ante o real, como o setor siderúrgico e as exportadoras de commodities. O ano de 2014 também deve ser marcado pela primeira mudança na metodologia do Ibovespa em 45 anos. A nova composição passará a levar em conta o valor de mercado das empresas, diferente do modelo atual, que dá mais peso à liquidez dos papéis.

A mudança será feita em duas etapas. A primeira ocorrerá em janeiro, numa combinação da metodologia vigente com a nova, que será integralmente adotada em maio.

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