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A Sem Parar é atualmente a maior empresa do setor de pagamentos eletrônicos de pedágio, com 5 milhões de clientes. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A Sem Parar é atualmente a maior empresa do setor de pagamentos eletrônicos de pedágio, com 5 milhões de clientes.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Um setor quase invisível vive uma verdadeira guerra de mercado: as empresas de pagamento eletrônico de pedágios, as tags colados nos vidros dos carros que abrem cancelas em estradas e estacionamentos. As empresas do setor fecharam 2014 com faturamento superior a R$ 10 bilhões pela primeira vez. E, agora, a maior rede de postos de gasolina do país entrou na disputa: a BR Distribuidora fechou acordo com a Auto Expresso, da DBTrans, e busca assumir a liderança do setor, que cresce a um ritmo de 20% ao ano. Hoje, a maior fatia deste filão é da Sem Parar, empresa de CCR, Arteris e Shell, com 5 milhões de clientes. Outras duas empresas disputam o segmento: a ConectCar (parceria de Ipiranga e Odebrecht) e a Move Mais.

Concessionárias resistem à cobrança por quilômetro rodado

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Após a consolidação do setor, que nasceu na década de 1990, os governos planejam a próxima revolução: a cobrança por quilômetro rodado. Pela proposta, as praças de pedágio simplesmente acabariam e haveria a cobrança em pórticos nas entradas e saídas das estradas, onde seria calculado o valor pela distância percorrida pelo motorista.

O setor de concessionários de rodovias é contra, pois lembra que cerca de 40% dos carros do país têm IPVA e multas atrasadas e não querem arcar com o prejuízo. Por outro lado, em São Paulo já há projetos, denominados pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) como Sistema Ponto a Ponto, em fase de testes. Implementado em 2012 na rodovia que liga Itatiba a Jundiaí, hoje ele está presente na ligação entre Campinas a Sorocaba, na rodovia de Campinas a Mococa e, no ano passado, passou a vigorar na estrada que atende as cidades de Engenheiro Coelho, Artur Nogueira, Cosmópolis, Paulínia e Conchal. Já há 65 mil usuários deste sistema.

“Cada pórtico é uma espécie de praça de pedágio virtual, mas sem barreiras e sem cabines de cobrança. Essa tecnologia já é amplamente utilizada nos EUA e em outros países”, disse a Artesp, em nota, lembrando que pesquisas feitas pela agência apontam mais de 80% de aprovação e redução do valor de pedágio em 90% dos casos.

O projeto ainda é polêmico. Marcelino Rafart de Seras, presidente da Ecorodovias – que venceu o leilão da Ponte Rio-Niterói – avalia que, como está, ele não é factível no Brasil. “As concessionárias de rodovias, por lei, assumem o risco de tráfego, não o risco de pagamento. Cerca de 40% dos carros que trafegam pelas rodovias estão com IPVA, multas e vistoria atrasados, o que indica que poderão não pagar o pedágio no futuro, pelo sistema de cobrança remoto”, disse no fim de março, lembrando que, para isso dar certo, é necessário um fundo garantidor, pois no atual sistema de pagamento eletrônico o risco do calote fica com as empresas de tag.

Para Pedro Donda, presidente da Sem Parar, o sistema só ficará viável quando mais de 80% dos veículos já possuírem as tags de cobrança automática, o que só deve ocorrer em médio ou longo prazo.

As tags servem para pagar estacionamento de shoppings e aeroportos, obter descontos, pontos em programas de milhagem e abastecer o tanque. Estima-se que entre 5,5 milhões e 6 milhões de automóveis tenham o aparelho grudado no parabrisas, contra uma frota de 55 milhões de veículos no Brasil. Deste total, 30 milhões passaram por estradas com pedágio no ano passado, um número que deve crescer com a concessão de rodovias chegando a outros estados.

“Como menos de 15% dos carros do Brasil possuem o sistema, podemos imaginar um forte crescimento”, disse Wagner Muradian, diretor comercial da Auto Expresso. “É tudo feito pelo reconhecimento do visor e o cliente recebe na hora um SMS confirmando a transação.”

Concorrência

A ConectCar foi a pioneira, no Brasil, em associar serviços de cobrança de pedágios aos postos de gasolina. Hoje, 3 mil postos de combustíveis Ipiranga vendem o aparelho, anunciado na TV e na internet. Para João Cumerlato, diretor superintendente da empresa, o pedágio continuará a ser o carro-chefe, embora outros serviços tenham ganhado destaque no faturamento, como abastecimento em postos com desconto, estacionamento de shoppings e sorteio de carros. “Só quem usou a cobrança automática sabe das vantagens de não ficar procurando moedas.”

A Move Mais, criada há três anos pela Compsis (empresa da área de tecnologia) e a Vertis (concessões), está há um mês com a autorização para atuar nos dois maiores mercados do país: rodovias federais e paulistas. A empresa quer crescer em outras praças e incluir serviços, como o pagamento de estacionamentos.

A Sem Parar, que atua no segmento há 15 anos na cobrança de pedágio da Ponte Rio-Niterói, vende a tag em 500 postos com a bandeira Shell. Para Pedro Donda, presidente da empresa, há chance de ampliar o segmento. “No começo, o cliente era quem usava muito rodovias. Isso tem mudado, principalmente em São Paulo, onde quase 60% dos pagamentos de pedágio são feitos de forma eletrônica.”

Com a concessão de rodovias federais, o setor aguarda a chegada do pedágio em outros estados para crescer ainda mais.

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