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O economista sênior do Banco Bradesco não maquia previsões de futuro para agradar a platéia a quem se dirige. Isso ficou claro no evento realizado em Curitiba para convidados do caderno de Economia da Gazeta do Povo. Mesmo num estado cuja renda é fortemente ligada às exportações, Fernando Honorato Barbosa foi incisivo: o câmbio está na média dos últimos 20 anos e não vai subir para muito além disso.

"No Rio Grande do Sul, eu disse que esse cenário é favorável e alguém me perguntou em que mundo eu vivo. Mas o papel do economista não é só dizer coisas agradáveis." Segundo ele, as transformações do país favoreceram os 30% mais pobres, e por isso os setores ligados ao consumo interno são os mais promissores.

Com apenas 27 anos, Barbosa deixou o ambiente do Castelo do Batel descontraído na última apresentação do ano do ciclo de palestras Papo de Mercado, realizado ontem de manhã. Disse, por exemplo, que no departamento econômico do banco há uma "bola de cristal" que permite prever a taxa de câmbio para 2007 (R$ 2,20) e 2008 (R$ 2,30). "Sei que não vou acertar, mas o fundamental é que o câmbio mudou estruturalmente e não vai voltar a R$ 3", disse.

Segundo ele, mesmo com novas quedas na taxa de juros e aumento das importações, o dólar não tende a subir e o goveno já fez o que podia. "Se o Banco Central não houvesse retirado US$ 50 bilhões de circulação do mercado nacional, o câmbio estaria hoje a R$ 1,50." O aumento das importações, que também retiram dólares de circulação, também não aponta para uma retomada significativa do câmbio. A estimativa do Bradesco para o saldo da balança comercial do país em 2006 é de US$ 45,5 bilhões, com queda em 2007 para US$ 38 bilhões e para US$ 30 bilhões no ano seguinte. "Mais grave é a pequena participação do país no comércio mundial, que está em 1,19%", diz.

Para ele, ainda é prematuro julgar se o pacote fiscal proposto pelo governo pode ser mais audacioso. "Até podemos crescer 5% em um ano, mas não em todos", disse. A comparação com o crescimento da China seria inadequada. "Eles têm outra realidade. Nós já crescemos o que eles estão crescendo." Por fim, sua bola de cristal indica que em 2007 as empresas irão recorrer mais ao mercado de capitais.

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