A novela envolvendo a revisão do acordo automotivo entre Brasil e México ganhou ontem mais um capítulo, marcado por informações desencontradas. Enquanto o governo mexicano anunciava que os dois países chegaram a um entendimento e concordaram em limitar as exportações de automóveis ao mercado brasileiro por um período de três anos, o Ministério do Desenvolvimento brasileiro não confirmava a versão.
O ministro de Economia do México, Bruno Ferrari que com a chanceler de seu país, Patrícia Espinoza, manteve reuniões com os ministros do Desenvolvimento e das Relações Exteriores, Fernando Pimentel e Antonio Patriota, na Cidade do México deu inclusive os números das cotas de importação: US$ 1,4 bilhão durante o primeiro ano, US$ 1,56 bilhão no segundo e US$ 1,64 bilhão no terceiro.
Horas antes do anúncio de Ferrari, Pimentel comentou, em Pernambuco, estar otimista quanto a um entendimento, e sustentou que tal entendimento passa pelo estabelecimento de cotas móveis de exportação dos veículos fabricados no México para o Brasil. Por essa fórmula, que poderia valer já neste ano, os mexicanos se comprometeriam a limitar suas exportações à média do valor exportado nos três anos anteriores. No início da noite, mesmo após a entrevista de Ferrari, a posição do ministro brasileiro não havia mudado.
A limitação do ingresso de automóveis, reivindicada pelo governo brasileiro, tem por objetivo equilibrar o intercâmbio bilateral. Desde 2008 a balança comercial de carros e peças entre os dois países está desfavorável ao Brasil em mais de US$ 1 bilhão. Esse cenário levou a presidente Dilma Rousseff a ameaçar romper o acordo, em vigor desde 2002.
Ferrari também anunciou um consenso no reajuste do índice de conteúdo local parcela do automóvel composta por peças e insumos nacionais. O índice adotado pelo México, hoje de 30%, chegará a 40% em cinco anos, informou. O ministro mexicano disse, ainda, que está em estudo a inclusão de veículos pesados no acordo, uma das solicitações brasileiras, mas não se sabe quando isso acontecerá, e avisou que tampouco há data para que os dois países voltem a negociar um acordo comercial mais amplo como quer o Brasil.
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