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Putin e Dilma estiveram juntos em Brasília, onde assinaram oito acordos de cooperação bilateral | Michael Klimentyev/Efe
Putin e Dilma estiveram juntos em Brasília, onde assinaram oito acordos de cooperação bilateral| Foto: Michael Klimentyev/Efe

Acordo

Empresários dos Brics querem usar moeda local

Folhapress

Empresários de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul querem o uso das moedas locais desses países nas transações entre si, sem a necessidade de conversão para outra moeda, como o dólar, e depois para a moeda local, gerando perdas. A proposta, feita pelos brasileiros, foi apresentada em reunião ontem, em Fortaleza, para discutir maneiras de fortalecer a integração econômica e intensificar investimentos entre eles.

A primeira ação do grupo de empresários será encaminhar aos chefes de estado dos cinco países um relatório, com propostas e conclusões tomadas após um ano de diálogo. "Uma iniciativa importante seria realizar a troca direta de moeda entre os países do Brics, algo que diminuiria os custos de transação e facilitaria a negociação entre os países associados", afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os empresários confiam na criação do Banco de Desenvolvimento dos Brics, que será oficializado nesta cúpula, para facilitar comércio, negócios e investimentos e o uso das moedas locais nas operações. A instituição terá foco no financiamento de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento, não apenas membros dos Brics. O capital inicial do banco será de US$ 50 bilhões, que pode ser ampliado para US$ 100 bilhões.

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem uma atuação coordenada entre Brasil e Rússia em organismos internacionais, sobretudo os econômicos, após reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo Dilma, os dois países discutiram a conclusão de acordos para a criação de um banco de desenvolvimento e um fundo de reservas emergenciais durante a 6ª Cúpula dos Brics, que ocorre em Fortaleza.

"Nossos países estão entre os maiores do mundo e não podem se contentar em pleno século 21 com dependências de qualquer espécie", afirmou Dilma. A presidente defendeu ainda a necessidade de tornar o Fundo Monetário Internacional (FMI) um mecanismo "realmente multilateral e democrático".

Entre os acordos assinados ontem entre Rússia e Brasil, há um plano de ações para elevar o patamar de comércio bilateral entre os dois países, focado em áreas como agronegócio, energia, inovação e alta tecnologia, aeronáutica, indústria farmacêutica e turismo. Os dois países assinaram oito acordos, a maioria privados.

A presidente celebrou o plano de ação assinado entre os dois países para elevar o patamar comercial a US$ 10 bilhões por ano. A parceria engloba trocas comerciais e cooperações em defesa e no uso pacífico de energia nuclear. A presidente destacou que "na atual ordem multipolar é necessário adotar resoluções pacíficas para os conflitos", e elogiou a Rússia pela postura nas questões da Síria e do Oriente Médio.

Ela agradeceu a presença do presidente russo na Copa – Putin assistiu à final do Mundial – e também no encontro dos Brics, grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se encontra a partir de hoje para discutir, entre outros temas, a criação de um banco e de um fundo.

Em seu discurso, Putin afirmou que o Brasil é o seu principal parceiro econômico na América Latina. "Assinamos um grande pacote de acordos que estimula nossa cooperação nas mais diversas áreas. Nos últimos 10 anos, nossas relações dobraram, mas nosso comércio reduziu 2,2% no último ano. Por isso foi tão urgente falar em como resolvermos os problemas atuais", declarou.

Pacote

Entre os oito acordos assinados por Brasil e Rússia está uma cooperação técnico-militar, na qual as forças armadas brasileiras participarão de um exercício com as forças armadas russas naquele país. Também foi firmado um compromisso pela continuação das negociações de serviços aéreos entre os dois países. As secretarias de Fazenda do Brasil e da Rússia também fecharam um memorando para a troca bilateral de dados estatísticos de seus respectivos serviços alfandegários.

Na área energética, Petrobras e as russas HRT e Rosneft fecharam um protocolo de intenções sobre estudos de opções de monetização de gás do Projeto Solimões. Três memorandos foram firmados na área científica. Um com a Universidade Federal de Santa Maria, outro com o Instituto Tecnológico de Pernambuco e o último com o Instituto Butantan para a produção de vacinas.

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