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A venda de cabelos deixou de ser apenas um recurso para tempos de crise. Também não é mais monopólio de mulheres bem-fornidas de madeixas e sempre atentas às fases da lua. A explosão da indústria da beleza alçou os inocentes pêlos capilares à condição de mercadoria - disputada no varejo, no atacado e até mesmo no comércio internacional. Pouca gente sabe, mas o Brasil importa cabelo da Índia e vende para a África, Europa e Estados Unidos.

Nada que motive guerras tarifárias, contenciosos na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou que faça muita diferença na balança comercial brasileira. O volume de cabelos que entra e sai dos portos brasileiros ainda é muito pequeno. Em 2005, as importações somaram US$ 380 mil e as exportações, US$ 59 mil. Em 2004, contudo, as cifras foram menores: as compras externas totalizam US$ 159 mil e as vendas, US$ 32 mil. Nos dois anos, portanto, o Brasil foi deficitário em seu comércio internacional de cabelos.

E dificilmente reverterá sua posição. Maior exportadora mundial de cabelos, a Índia é considerada insuperável no produto. E não apenas pela qualidade - com pouca incidência de substâncias químicas - como pelo baixo custo. A maior parte das remessas de cabelo indiano para o exterior nasce de um costume religioso do país: lá, as mulheres têm o hábito de doar suas mechas para os templos.

Posteriormente, essas mesmas mechas ganham as vitrines das lojas especializadas em apliques ou perucas de todo o mundo.

A Cariocabelos, do Rio, é uma delas. Com unidades no Centro, Copacabana e Caxias, a empresa só vende cabelos estrangeiros, a maior parte da Índia. Segundo o gerente comercial, Marcelo Teixeira, os clientes são, principalmente, mulheres que querem fazer aplique. Desde que foi criada, em 1997, a Cariocabelos tem aumentado as vendas todos os anos. Em 2005, começou a exportar para África, Europa e Estados Unidos.

- É um setor que cresce muito, devido à moda do aplique e aos cuidados com a aparência - afirma Teixeira.

Em São Paulo, o ex-garçom, ex-manobrista e ex-camelô Francisco Braz, de 40 anos, chega a faturar R$ 12 mil com a compra e venda de cabelos.

- Sou um corretor de cabelos - define-se Braz, dono da loja O Rei dos Cabelos, no centro da capital paulista.

O negociante conta que, nos últimos anos, aumentou consideravelmente a quantidade de gente querendo vender o cabelo, o que afetou o preço do produto.

- Já dei até R$ 450 por um cabelo, mas hoje pago em média R$ 200. Todo o dia vêm umas 30 pessoas aqui querendo vender o cabelo. Mas geralmente só compro de dez - conta.

Lojas de perucas e salões de beleza também costumam comprar cabelos. O produto também é comercializado em fóruns na internet, onde vendedores e compradores chegam a promover leilões. Geralmente, são mais valorizados os chamados cabelos "virgens", que nunca foram submetidos a tintura ou a tratamento químico agressivo.

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