A publicidade brasileira vai levar para casa 114 leões, incluindo o Grand Prix de Titanium, o mais importante prêmio do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions. Trata-se do melhor desempenho do país na história do festival.
Foram dois Grand Prix -Titanium e Promoção & Ativação-, ambos vencidos pela Ogilvy Brasil, por duas campanhas distintas.
O de Titanium foi para "Retratos de Real Beleza", de Dove, e o de Promo para "Torcedores Imortais", uma campanha de doação de órgãos em associação com o clube Sport, de Recife.
A Ogilvy Brasil também foi escolhida a agência do ano no festival.
O clima emotivo das duas campanhas mais premiadas da Ogilvy resume o espírito do Cannes Lions neste ano em que celebra 60 edições.
Depois de passar os últimos anos embevecido pelas maravilhas da tecnologia, o júri do festival comemorou neste ano a experiência, a autenticidade, as emoções humanas.
"A nova segunda tela é a realidade", diziam os profissionais de criação pelos corredores do Palais des Festivals.
A celebração da experiência e da vida que acontece fora das telas digitais aconteceu também no auditório do Palais. Os palestrantes mais provocativos, e aplaudidos, foram setentões (ou quase) Lou Reed, 71, Vivien Westwood, 72, e Rem Koolhaas, 68.
O roqueiro, em sua primeira aparição desde um transplante de fígado, queixou-se da baixa remuneração dos artistas em tempos de iTunes e downloads e declamou Edgar Alan Poe.
A estilista britânica, punk na origem e hoje ambientalista, falou mal do consumismo e do sistema financeiro e disse que para o mundo melhorar, os jovens precisam de cultura: ler os clássicos, ir a exposições, ouvir música de qualidade.
O arquiteto holandês, um dos mais celebrados do momento, autor do projeto da sede da estatal de TV chinesa em Pequim e da nova comunicação visual da União Europeia, criticou a decoração e a arquitetura jovem de agências de publicidade e de empresas como Google e Facebook, com sofás coloridos e mesas de bilhar.
Não têm efeito comprovado algum sobre a criatividade de funcionários, disse ele, que comprovou seu argumento com fotos de seu próprio escritório de arquitetura: mesas de trabalho absolutamente normais e um "lounge" micro, na verdade um mini terraço, com uma mesa de bar e uma cadeira, e bitucas pelo chão de concreto.
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