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Americana segura cartazes em Washington, questionando “Somos a Grécia?”; e depois afirmando “Compromisso é uma coisa boa” | Kevin Lamarque/Reuters
Americana segura cartazes em Washington, questionando “Somos a Grécia?”; e depois afirmando “Compromisso é uma coisa boa”| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Europa

Crise faz ouro bater recorde

Bruxelas - O ouro superou pela primeira vez na história o nível de US$ 1,6 mil por onça na Bolsa de Nova York, refletindo a aversão a risco entre os investidores, assustados com as crises na Europa e nos Estados Unidos. Dos dois lados do Atlântico, os mercados despencaram, diante do ceticismo em relação à saúde financeira dos bancos da União Europeia (UE) e o impasse sobre o teto da dívida americana.

Se a Grécia der um calote em sua dívida, muitos bancos europeus podem quebrar ou exigir socorro da UE.

Testes de estresse realizados com 90 bancos europeus na sexta-feira mostraram que oito precisarão ser recapitalizados. Mas o teste foi encarado com ceticismo, porque não avaliou o impacto que um calote teria nos bancos.

Analistas se debruçaram sobre os números e calculam que até 60 dos 90 bancos podem precisar de injeções de capital. Muitos dos bancos têm em carteira títulos que hoje estão sendo negociados a preços muito menores do que seu valor de face. Esses bancos, no entanto, ainda não fizeram a chamada "marcação a mercado", que mostraria o valor real dos ativos.

Joaquin Almunia, comissário de concorrência da UE, afirmou que os bancos vão a mercado para tentar se recapitalizar. "Se não conseguirem, um resgate oficial será necessário." Autoridades da UE estão estudando a adoção de um imposto sobre os bancos para para ajudar a Grécia, como uma forma de evitar uma intervenção direta nos bancos e a declaração de moratória.

Na quinta-feira, líderes da zona do euro vão se reunir em Bruxelas e muitos acreditam que pode sair daí uma declaração oficial de moratória da dívida grega. A bolsa de Londres teve queda de 1,55% e a de Milão, 3,06%. Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 0,76%.

Quarto maior detentor de títulos públicos norte-americanos, o governo brasileiro diz que não está preocupado com o risco de moratória do governo Barack Obama, segundo afirmou ontem o vice-presidente, Michel Temer. Ele disse também que o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda não discutem medidas emergenciais para rebater eventuais contaminações da economia com os problemas nos EUA e na Europa.

Temer disse que, a partir do relato do ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, o governo brasileiro avalia que Obama vai conseguir aval do Congresso norte-americano para aumentar o valor da dívida. "Não analisamos eventuais medidas se eventualmente tiver crise. Não há essa preocupação no nosso país", disse Temer.

A avaliação do vice foi feita após reunião da coordenação política do governo, que discutiu a situação econômica internacional, em especial as dificuldades dos EUA. Parti­ciparam da reunião a presidente Dilma Rousseff, Temer, e os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia), Miriam Belchior (Pla­nejamen­to), Helena Chagas (Secom), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.

Exposição

O governo brasileiro está entre os maiores investidores em títulos americanos. Esses papéis são os principais destinos das reservas internacionais do Brasil, um seguro contra crises. Entre os oito maiores credores – aqueles com mais de US$ 100 bilhões investidos –, o Brasil foi o segundo que mais aumentou suas aplicações nos quatro primeiros meses de 2011 (11%). O porcentual está acima do crescimento total da dívida americana no período, o que significa que o Brasil elevou sua participação como credor do país.

Esse crescimento não está relacionado, no entanto, a um interesse maior pelos papéis que, por enquanto, são considerados o investimento mais seguro do mundo. O investimento brasileiro em títulos norte-americanos é de US$ 207 bilhões, o que representa 63% das reservas internacionais.

Esse porcentual foi maior antes da crise de 2008/2009 e se mantém praticamente constante. China (US$ 1,1 trilhão), Japão (US$ 907 bilhões) e Reino Unido (US$ 333 bilhões) possuem aplicações maiores.

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