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Édson Campagnolo: “O país precisa de estabilidade e reformas estruturantes.” | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Édson Campagnolo: “O país precisa de estabilidade e reformas estruturantes.”| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Linha do tempo

Conheça os principais acontecimento que marcaram os 70 anos da Fiep:

18 agosto de 1944 – Fundação da Fiep por iniciativa de nove sindicatos: de alimentos, leite, couro, alfaiataria, metalmecânico, madeira, mate, panificação e confeitaria, e gráfico.

1944 – Primeira eleição na entidade, que conduziu Heitor Stockler de França à presidência.

1947 – Criação do Serviço Social da Indústria (Sesi).

1948 – Inauguração da primeira sede própria em Curitiba do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O Senai é anterior à Fiep e foi criado em 1943.

1965 – Criação do Dia da Indústria.

1969 – Criação do Instituto Euvaldo Lodi (IEl) com o objetivo de fazer a integração entre a universidade e indústria.

1971 – Fundação do Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar), atual Centro Internacional de Negócios (CIN).

1984 a1989 – Ampliação dos número de sindicatos filiados de 29 para 54.

1990 – Integração entre o IEL, o Sesi e o Senai.

1998 – Inauguração do Centro Integrado de Empresários e Trabalhadores das Indústrias do Paraná ( Cietep), conhecido como Câmpus da Indústria, no Jardim Botânico, em Curitiba.

2012 – Criação da Semana da Indústria.

2013 – Inauguração do primeiro Instituto Senai de Inovação do Sul (ISI), voltado para a área de eletroquímica.

Capacitação

Principal mérito da entidade foi investir na formação de mão de obra

O engenheiro Mário de Mari, de 92 anos, acompanhou boa parte da história da indústria paranaense. Para ele, que presidiu a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) entre 1968 e 1974, um dos principais méritos da entidade foi ter criado um sistema de formação de mão de obra. "A Fiep teve papel fundamental nisso porque não tinha mão de obra capacitada no Paraná e no Brasil. E vivíamos um ciclo de industrialização que necessitava de pessoal", conta.

Para ele, a indústria ajudou a desenvolver o Brasil. "Era a época da explosão do café no interior do estado, das grandes obras de infraestrutura", diz. Mari, que fundou a construtora Técnica de Mari S/A em 1946, também aproveitou a primeira onda de industrialização na década de 1970 para expandir seus negócios. "Participamos da construção de várias fábricas".

  • Os alfaiates foram uma das nove categorias sindicais que fundaram a Fiep em 1944

A indústria precisa de uma política de Estado que permita ao setor recuperar o vigor perdido nos últimos anos. A previsão para este ano é que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria brasileira sofra uma retração de até 1%. "Teríamos condições de crescer 4% a 6%, mas o setor industrial sofre os efeitos da ausência de reformas tributária e fiscal, da burocracia e do baixo investimento", diz o presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Edson Campagnolo. A entidade, que completa 70 anos amanhã, representa 47 mil empresas que geram cerca de 850 mil empregos diretos no estado. Segundo ele, a indústria paranaense, graças à diversificação e aos investimentos em ampliação e novas fábricas nos últimos anos, ainda tem uma situação melhor, devendo registrar um crescimento do PIB de 4% a 5% em 2014. Apesar disso, os investimentos do setor só devem deslanchar a partir de 2015. Veja os principais trechos da entrevista. Por que a indústria brasileira parou de crescer?

Por uma combinação de fatores. Desde a falta da reforma tributária e de um ambiente mais favorável ao investimento, até o custo da logística e da burocracia, que tiram a competitividade dos nossos produtos. A indústria reclama muito da falta de reformas. Mas as empresas fizeram sua lição de casa? A queda na produtividade nas fábricas também não é culpa das companhias?

A indústria é competitiva e investiu em melhorias de processo. Da porta da fábrica para dentro, temos custos que se comparam a outros países. Mas, com a carga tributária, os custos de logística, enfim, o chamado custo brasil, perdemos espaço.

O Brasil sofre um processo de desindustrialização?

Tenho convicção disso. A participação da indústria na economia está encolhendo. Alguns acreditam que a vocação do país está mesmo no agronegócio. Mas deem à indústria as mesmas condições que são dadas ao agronegócio, como juros subsidiados e securitização, para tornar competitiva a indústria nacional. Teríamos condições de voltar a crescer 4% a 6% ao ano. O Brasil precisa de uma política industrial clara, permanente. Não adianta apenas investir em "pacotinhos". Também é necessário fazer as reformas tributária e fiscal e discutir as relações de trabalho.

Como a entidade vem se posicionando para defender as questões do setor?

Elaboramos um documento com base em uma pesquisa junto às empresas. O levantamento foi feito em maio e colheu as principais reivindicações. Vamos apresentar o resultado aos candidatos ao governo do estado. Teremos encontros na terça-feira e na quinta-feira. Trata-se de uma série de recomendações na área tributária, de educação, inovação e infraestrutura que podem ajudar a indústria voltar a crescer.

A Fiep completa 70 anos amanhã. Que balanço o senhor faz da história da entidade nesse período?

A Fiep nasceu durante a segunda guerra mundial, da iniciativa de nove sindicatos, com destaque para as áreas de alimentos, madeira, mate e leite. A ideia era unir forças, ganhar representatividade e superar os obstáculos. Ao longo dos anos, a entidade cresceu com os ciclos de industrialização no estado. O primeiro, na década de 1970, com a Cidade Industrial de Curitiba, o segundo no fim da década de 1990, com a chegada das novas montadoras. Foram anos de superação. Hoje temos 109 sindicatos – 10% do total representado na Confederação Nacional da Indústria (CNI) – e reunimos 47 mil indústrias que geram 850 mil empregos no estado. O Senai e o Sesi recebem respectivamente 360 mil e 650 mil matrículas por ano. O Paraná viveu dois grandes ciclos de industrialização. Haverá outro?

O próximo ciclo de industrialização terá que estar relacionado à inovação e tecnologia. Não existe outro caminho. Por isso, o importante é estimular a criação de empresas e dar suporte para que elas se desenvolvam.

2015 promete ser um ano de ajuste de contas, provavelmente com um ajuste fiscal mais forte, aumento de carga tributária, inflação e juros ainda altos. Mesmo assim, os investimentos do setor vão sair do papel?

Acredito que sim. O Brasil é um país com um enorme potencial. Esse investimento que está represado precisa começar a ocorrer. Mas o país precisa de estabilidade e reformas estruturantes. O governo terá que fazer seu papel e cortar na carne também. Porque senão quem paga a conta é o empresário, a população. Seja quem for que vença as eleições desse ano, espero que tenha a coragem de fazer isso.

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