O governo brasileiro apresentou nesta terça-feira (28) a representantes mexicanos suas propostas de revisão no acordo automotivo que mantém com o México desde 2002. Entre as mudanças sugeridas pelo Brasil está a adoção de cotas de importações flexíveis, que não seriam calculadas anualmente, segundo disse à Reuters uma fonte brasileira que participa das negociações. Essa fonte, que falou sob condição de anonimato, afirmou ainda que outras possibilidades como a exigência de maior conteúdo de autopeças mexicanas nos automóveis exportados para o Brasil, hoje fixadas em 30 por cento, e a inclusão de veículos pesados no acordo também foram debatidas. A discussão sobre o aumento da exigência de conteúdo mexicano nos carros exportados para o Brasil via acordo levou em conta um tempo de implementação, segundo essa fonte. Ou seja, não seria uma medida adotada imediatamente, apesar de o governo brasileiro ter dito aos mexicanos que nos últimos meses houve um surto de importações incentivadas pelas atuais regras do acordo. O acordo entre os dois países já teve um dispositivo de cotas de importações, que vigorou até 2007, mas depois essa exigência foi abandonada. O Brasil reclama que só no ano passado o acordo rendeu um déficit comercial com o México de aproximadamente 1,7 bilhão de dólares. Essa fonte disse ainda que, apesar das negociações terem começado bem, não está descartado que o Brasil desista do acordo que têm com os mexicanos. "Tudo é possível, porque estamos empenhados em salvaguardar empregos (no Brasil)", explicou. A única possibilidade descartada é a adoção de salvaguardas por parte do Brasil. Mais cedo, uma fonte do governo mexicano disse que tinha dúvidas sobre a disposição do governo brasileiro de manter o acordo. A expectativa do governo brasileiro é que essa rodada de negociações seja definitiva para manter ou romper o acordo. A reunião, que estava prevista para ser concluída na quarta-feira, pode inclusive ser encerrada nesta terça, dependendo do andamento das conversas. Depois de participar da primeira rodada de negociações, ministros dos dois países deixaram o Palácio do Itamaraty onde continuou uma reunião de nível técnico que poderá definir o resultado das negociações. Segundo o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, a reunião em nível ministerial deve ser retomada por volta das 17h30. Pelo lado brasileiro participam os ministros Fernando Pimentel (Indústria, Comércio e Desenvolvimento Exterior) e Antonio Patriota (Relações Exteriores). Pelo México integram a comitiva a chanceler Patrícia Espinosa e o secretário de Economia, Bruno Ferrari.
Negociação
Brasil sugere ao México cotas flexíveis de importação de carros
Acordo entre os dois países já teve um dispositivo de cotas de importações, que vigorou até 2007, mas depois essa exigência foi abandonada



