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Curitiba – O Brasil registrou a maior inflação do Mercosul em 2004, segundo parâmetros do Índice de Preços ao Consumidor Harmonizado (IPCH) dos países do Mercosul e do Chile, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas . No Brasil a variação do IPCH em 2004 foi de 7,7%, superando o Uruguai (7,3%), Argentina (6%), Paraguai (2,9%), e Chile (2,6%).

Essa é a primeira vez que o IBGE divulga uma comparação dos índices inflacionários dos países do Cone Sul. O estudo mostra que as crises cambiais e as tarifas foram os principais fatores de pressão no comportamento dos preços nos países da região. A única exceção ao efeito das tarifas aparece na Argentina, onde aluguéis, água, eletricidade e gás tiveram uma variação inferior a dos demais países. "No caso específico da Argentina, o movimento observado está muito relacionado ao câmbio", afirmou a coordenadora de Índice de Preços, Márcia Quintslr.

No acumulado de 2000 a 2004, o Brasil registrou a segunda maior taxa de inflação, com 53,5%. A liderança na região, no entanto, pertence ao Uruguai, com uma taxa acumulada de 63,2%. No Brasil, comunicações responderam pela maior alta, com 79%, alimentos e bebidas não alcoólicas (60,5%) ficaram em segundo lugar e transportes em terceiro, com 59,4%.

Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o período pesquisado captou os efeitos do processo de realinhamento de preços após a privatização nesses países. No Paraguai, o acumulado em comunicações chegou a 256,2%. O cálculo do IPCH foi feito a partir dos índices de preços de cada país. Foi criada uma cesta de produtos a partir dos índices oficiais que permite comparações em razão da adoção de um sistema de classificação comum. Alguns serviços, no entanto, não puderam ser incluídos por razões metodológicas, como serviços médicos, jogos de azar, seguros em geral e serviços de intermediação financeira.

Segundo o presidente do IBGE, o projeto é o primeiro passo para a integração estatística do Mercosul. Os institutos destes países passarão a publicar os dados de forma trimestral. O IPC harmonizado levou em conta a experiência de harmonização dos países da União Européia e não substituirá os índices de preços ao Consumidor oficiais dos países, como é o caso do IPCA no Brasil. As cestas de produtos e serviços harmonizadas utilizadas no cálculo do IPCH são subconjuntos das cestas dos IPCs nacionais. No caso do Brasil, o IPCH é um subconjunto da cesta do IPCA.

O analista financeiro da GRC Visão, Thiago Davino, chama a atenção para o caso chileno que alcança os melhores índices inflacionários da região com uma política monetária muito menos rígida do que a nacional. O vizinho da Argentina tem uma taxa básica de juros 16 pontos porcentuais abaixo da brasileira. "O Brasil vem de um período de reação dívida/PIB muito alta. Além disso, é o único a estabelecer metas de inflação levando em conta preços administrados e muito voláteis, como os do setor alimentício", enfatiza.

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