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Curitiba – As habilidades dos executivos brasileiros são cada vez mais reconhecidas por grandes multinacionais. Carlos Ghosn é uma dessas estrelas internacionais do mundo dos negócios. Após virar celebridade ao tirar a japonesa Nissan do buraco em que se encontrava havia seis anos – e tornando-a uma das montadoras mais rentáveis do mundo –, Ghosn assumiu em maio um novo desafio: repetir a mágica na francesa Renault.

Trajetória

Ghosn, de 51 anos, nasceu em Porto Velho, Rondônia. Aos 6 anos, foi com a família para o Líbano e concluiu seus estudos de engenharia na França. Sua carreira profissional começou na Michelin, em 1978, Ele dirigiu a fábrica francesa da cidade de Puy, antes de ser nomeado chefe de pesquisa e desenvolvimento de pneus industriais em Ladoux. Em seguida, dirigiu as atividades da Michelin na América do Sul, cuja sede ficava no Brasil. Em 1990, como presidente da Michelin América do Norte, conduziu a reestruturação da empresa depois da aquisição da Uniroyal Goodrich Tire Company.

O ingresso de Carlos Ghosn na Renault aconteceu em 1996, quando foi contratado para o cargo de diretor-geral adjunto. Três anos depois, assumiu a direção-geral da Nissan (que forma uma joint-venture com a companhia francesa) no Japão, onde, desde 2001, ocupa o cargo de presidente. Há dois meses, foi nomeado presidente mundial do Grupo Renault. Dessa maneira, o executivo ampliou suas responsabilidades já que Nissan e Renault têm uma aliança mundial desde 1999 – a francesa é proprietária de 44,4% da Nissan enquanto esta detém 15% da Renault.

Conhecido no mundo dos negócios como o matador de custos, Ghosn divide seu tempo entre o Japão e a França. De acordo com ele, sua agenda está distribuída da seguinte forma, durante os próximos meses: 40% em Paris, 40% em Tóquio e 20% no resto do mundo.

Apesar dos dois altos cargos, Ghosn afirma que não será um presidente de meio período. Segundo ele, para dirigir as duas empresas ao mesmo tempo, três pontos básicos são necessários. Em primeiro lugar, uma administração precisa. "É indispensável que cada parceiro tenha uma estratégia clara, prioridades ordenadas e objetivos definidos e quantificados." Em seguida, é necessária uma organização rigososa, o que não significa rígida. "A organização deve permitir uma certa flexibilidade, porém pautada em planejamentos muito acurados.". Em último lugar, um forte envolvimento das equipes das duas montadoras.

Na avaliação dele, para garantir a eficácia plena das duas empresas, um sistema de delegação de poderes no qual cada escalão conheça seus objetivos, tenha condições de comprometer-se com os resultados e assuma, conseqüentemente, a responsabilidade de alcançá-los é fundamental.

Numa entrevista concedida à revista Global, da direção de comunicação da Renault na França, Ghosn diz que não acredita que exista um modelo de gestão gravado na pedra. "Trata-se de um processo que se constrói pouco a pouco. E é ao ser colocado à prova que o modelo se forja no fogo."

Livro

O super-executivo ainda arruma tempo para escrever. No livro "Cidadão do Mundo", que foi publicado recentemente na França, Carlos Ghosn escreve que suas convicções aplicadas nos quatro cantos do mundo se encaixam como as peças de um quebra-cabeça para formar uma visão de mundo coerente e dinâmica.

Na opinião dele, a globalização é geradora de valores. Longe de restringir-se a um movimernto de uniformização, ela proporciona a oportunidade de enriquecimento sem precedentes graças à multiplicação dos intercâmbios, ao confronto das abordagens e à disponibilização dos talentos para todos. "A empresa do futuro é aquela que assumirá sua globalidade sem perder sua identidade", conclui.

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