Segundo Banco Central, apesar de indicadores mensais mostrarem recuo da atividade econômica em janeiro, espera-se recuperação em fevereiro e março com a melhora da pandemia.
Segundo Banco Central, apesar de indicadores mensais mostrarem recuo da atividade econômica em janeiro, espera-se recuperação em fevereiro e março com a melhora da pandemia.| Foto: Enildo Amaral/BCB

O Banco Central elevou a estimativa anual da inflação para 2022. Segundo o órgão, as projeções de inflação do Copom estão em torno de 7,1% neste ano. Em dezembro, o Copom previa 4,7% de inflação em 2022. A possibilidade desse estouro está entre 88% e 97%. No melhor dos cenários, o valor pode chegar a 6,3%, estima o BC. Os dados estão no Relatório de inflação do trimestre, divulgado nesta quinta-feira (24).

De acordo com o documento, a principal pressão sobre a inflação ao consumidor no próximo trimestre irá decorrer dos preços de combustíveis, refletindo a recente elevação do preço de petróleo. Os reajustes dos preços de produtos farmacêuticos, que sofrem grande influência da inflação passada, também devem ter importante contribuição.

“A contribuição dos preços administrados para a inflação no trimestre só não será maior porque é esperado, para maio, o fim da bandeira escassez hídrica e transição para bandeira amarela. Impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia também são esperados sobre preços livres. Alimentos devem ter alta importante repercutindo esse choque e a continuidade dos efeitos do clima extremo”, diz o BC.

Crescimento do PIB

O Banco Central manteve a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1% em 2022. Segundo o relatório, apesar de indicadores mensais mostrarem recuo da atividade econômica em janeiro, espera-se recuperação em fevereiro e março com a melhora da pandemia. “A surpresa observada no PIB do quarto trimestre e o resultado esperado para o primeiro trimestre favorecem a projeção de crescimento no ano. Adicionalmente, mantém-se perspectiva favorável para alguns setores específicos, como a agropecuária e as atividades econômicas que ainda estão em processo de recuperação dos impactos negativos da pandemia”, diz o documento.

Por outro lado, as informações disponíveis sugerem que a escassez de matéria-prima ainda é um fator limitante para a indústria e que a recomposição de estoques não deve contribuir significativamente para a demanda do setor em 2022.

“O risco fiscal elevado e o processo de aperto monetário em curso continuam impactando as condições financeiras atuais e, consequentemente, a atividade econômica corrente e futura. O elevado nível corrente de incerteza econômica doméstica atua na mesma direção. A elevação dos preços de commodities e dos preços de produtos importados – especialmente desde a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia −, embora atenuada pela recente apreciação do real, pode ser considerada um novo choque de oferta do ponto de vista da economia doméstica, com impacto altista sobre a inflação e negativo sobre a atividade econômica no curto prazo”, aponta o relatório.