Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta sexta-feira (2), o seu posicionamento contrário a criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina, proposta defendida publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo nos primeiros dias de seu governo.

Durante um evento em São Paulo, Campos Neto afirmou discordar da adoção de moedas comuns de um modo geral, citando dois episódios em que se falou em uma divisa única entre os dois países sulamericanos. "Sou muito contra, mas sou só um banqueiro central. Houve dois episódios com tentativas de se criar uma moeda comum no comércio entre o Brasil e a Argentina, e em ambos os casos eu fui contra", disse.

Segundo o presidente do BC, uma moeda comum carrega o DNA de dois países. Por isso, as taxas de juros e a inflação seriam uma mistura de ambos. Campos defendeu a conversibilidade de moedas e pontuou que uma moeda que é usada por outros países não é uma "causa", mas uma "consequência" de outros fatores.

"Uma vez que tivermos mais moedas internacionais, podemos pensar em uma completa conversibilidade", disse o presidente do BC, acrescentando que está nos planos da instituição fazer do real uma moeda conversível. "Mas faremos isso de forma gradual."

Os comentários do chefe do BC surgem em um momento em que o presidente Lula tem criticado o dólar e defendido publicamente que países possam realizar transações utilizando suas próprias moedas, indicando que os "bancos centrais certamente poderiam cuidar disso".