O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e líderes da União Européia (UE) disseram na quarta-feira que ainda é possível chegar a um acordo sobre o comércio mundial, apesar do descumprimento de prazos e das profundas diferenças entre os dois parceiros a respeito das próximas medidas a serem tomadas.
- O principal é que estamos comprometidos com uma rodada (de negociações) de sucesso e isso demandará muito trabalho. Na minha opinião, não podemos deixar essa rodada fracassar - afirmou Bush a repórteres depois de uma cúpula EUA-UE.
A Rodada de Doha, envolvendo negociações realizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), foi lançada em 2001 para incentivar a economia global e ajudar os países pobres.
No entanto, o processo está bastante atrasado em meio a desavenças entre os EUA e a UE a respeito do setor agrícola e enquanto os americanos e os europeus tentam convencer grandes países em desenvolvimento, como o Brasil, a abrirem seus setores industrial e de serviços.
- Os europeus têm problemas com a postura dos EUA, nós temos problemas com a postura da Europa. E nós dois temos problemas com a postura do G-20 (de países em desenvolvimento) - afirmou Bush.
O presidente da Comissão Européia (Poder Executivo da UE), José Manuel Barroso, em declarações dadas na mesma entrevista coletiva, afirmou estar convencido sobre a possibilidade de que a próxima rodada de negociações seja bem-sucedida.
Negociadores de países de todo o mundo devem se reunir em Genebra a partir do dia 29 de junho para chegar a um acordo sobre dois pontos centrais da rodada -- a diminuição de barreiras no comércio de produtos agrícolas e de bens industrializados.
Comentários desanimadores
O comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, afirmou haver riscos de que os negociadores não sejam capazes de reconciliar suas diferenças no encontro. As palavras dele fazem ecoar o pessimismo expressado por outros envolvidos no processo.
- Pode ser que o encontro ministerial de junho seja apenas um ensaio geral para um encontro posterior, a acontecer no final de julho. Não sei prever o que acontecerá - disse Mandelson.
Na semana passada, Jason Hafemeister, representante dos EUA para as negociações sobre o setor agrícola, afirmou que a OMC pode ter de esperar até julho antes de chegar a acordos para esses setores.
Na terça-feira, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse haver "muitas dúvidas" sobre se um acordo a respeito de produtos agrícolas e industriais poderá ser firmado até o final deste mês.
Mandelson afirmou ter ficado animado com as declarações de uma câmara de comércio dos EUA que prometeu pressionar o Congresso norte-americano a não bloquear um acordo da OMC devido a preocupações com o setor agrícola.
- Ouvir declarações do tipo vindas dos dois lados do Atlântico é algo encorajador", disse o comissário europeu depois de um encontro do grupo de Diálogo Empresarial Transatlântico, que representa dirigentes de algumas das maiores empresas dos EUA e da UE.
O bloco europeu afirmou estar disposto a ir mais longe do que o anunciado anteriormente na questão dos impostos de importação sobre os produtos agrícolas e que o ônus estava agora com os EUA, que precisariam cortar alguns dos subsídios pagos a seus fazendeiros.
O governo americano, no entanto, argumenta que a nova proposta da UE parece ser uma melhoria pequena em planos que os EUA já consideraram modestos demais.



