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 | André Rodrigues/Gazeta do Povo
| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Cansado de lutar contra a sua cafeteira todas as manhãs, o jornalista Felipe Demartini substituiu o velho filtro por uma máquina de café espresso, atraído pela simplicidade no preparo da bebida. E ele não foi o único. Segundo a Associação brasileira da Indústria do Café (Abic), o mercado de café em cápsulas vem crescendo nos últimos anos e deve seguir essa tendência pelo menos até 2019, quando deve movimentar cerca de R$ 2,96 bilhões — quase o triplo do valor apresentado em 2014.

Mas a praticidade não é a o único motivo para essa disparada. Como aponta um levantamento feito pela Abic, a isenção fiscal às máquinas e cápsulas estabelecida pelo governo federal em abril do ano passado reduziu o preço desses produtos e atraiu a atenção do consumidor, dando novo gás ao setor. A queda de algumas patentes da Nespresso também ajudou, permitindo que outras marcas produzissem cafés alternativos e mais baratos para a cafeteira, além trazer mais opções de sabores a um público cada vez mais exigente.

A curitibana Lucca Cafés Especiais foi uma das que se aproveitaram dessa brecha para explorar o novo mercado. Atraída por esse aumento na procura, a empresa produz suas próprias cápsulas há pouco mais de dois anos e se concentra apenas em grãos produzidos no Brasil. “A gente se propôs a produzir um café genuinamente brasileiro e com uma qualidade diferenciada, voltado para quem procura algo mais gourmet”, explica o gerente comercial da marca, Marcos Vinicius Grein.

Tudo é muito novo e o público está em fase de descoberta para encontrar sua marca favorita.

Marcos Vinicius Grein Gerente comercial da Lucca Cafés Especiais

Ele conta, porém, que esse boom também teve seus reflexos negativos: causou um inchaço dentro do segmento. Com produção média de 120 mil cápsulas por mês em 2015, a paranaense viu esse número cair para 80 mil mensais no fim do último ano. “Várias empresas entraram nesse mercado, mas com um produto ruim e, por isso, não resistiram. Estamos em um momento de acomodação e todos estão tendo que se adaptar”, conta Grein, que garante que a Lucca ainda está no jogo.

Segundo ele, o consumidor ainda está filtrando quais os cafés de qualidade e isso deve ajudar em 2016. “Tudo é muito novo e o público está em fase de descoberta para encontrar sua marca favorita. Mas alguns já migraram definitivamente para o nosso produto.” E essa briga deve continuar. A Abic segue otimista, prevendo um mercado aquecido nos próximos anos, com as cápsulas ganhando mais espaço. Em 2014, elas representavam somente 0,6% do consumo total de café no Brasil e a previsão é que, até 2019, esse número salte para 1,3%.

Montes Claros (MG)

é o local escolhido por várias empresas para a construção de fábricas para as cápsulas nacionais. A Nestlé investiu R$ 220 milhões na primeira unidade fora da Europa e a Três Corações diz ter capacidade para a produção de 10 milhões de unidades ao mês.

Produção nacional como aposta para segurar preços

Um dos pontos destacados pela Abic é que o preço não é capaz de acabar com o cafezinho do brasileiro, mas isso pode fazer o consumidor trocar de marca. E, para driblar isso, muitas empresas estão apostando na produção local. No caso da Lucca, além dos grãos, os materiais das cápsulas também são nacionais, o que ajuda a reduzir os custos. “Isso nos permite manter o preço de 2015 mesmo com a alta do dólar”, conta Marcos Grein, gerente comercial da marca. “É um diferencial enorme em relação a outras marcas, que dependem da importação.”

A Nestlé seguiu pelo mesmo caminho com a abertura da primeira fábrica de cápsulas para a máquina Dolce Gusto fora da Europa. Com investimento de R$ 220 milhões e inaugurada em dezembro em Montes Claros (MG), a unidade é focada em cafés nacionais e outros produtos da região, como leite, café e cacau. Neste primeiro momento, a multinacional vai produzir quatro tipos de cápsulas, mas promete expandir esse catálogo ao longo de 2016.

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