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Curitiba – A Caixa Econômica Federal pretende mais do que triplicar o número de moradias financiadas no Brasil. Para isso, o banco adotou uma série de medidas. A meta é liberar R$ 10,9 bilhões para 720 mil famílias em todo o país, número que em 2004 não passou de 200 mil. O Paraná tem previsão de receber R$ 490 milhões para financiar cerca de 320 mil moradias.

As principais beneficiadas são as famílias com renda mensal de até três salários mínimos (R$ 900). De acordo com o gerente de negócios da Caixa, Gueber Roberto Laux, 90% da demanda nacional por moradia está concentrada nessa faixa de renda. "Essas pessoas são 82% da população, mas só 4% ou 5% conseguiam se enquadrar nas regras dos financiamentos", diz Laux. "Nossa intenção é estimular a demanda habitacional e produzir um círculo virtuoso, gerando empregos." O problema é que até o fim de junho somente R$ 2,9 bilhões, 27% do total, foram emprestados pela Caixa. No ano passado, o excesso de exigências para a liberação de crédito fez com que R$ 2 bilhões previstos para o financiamento de moradias simplesmente ficassem parados nos cofres públicos. Mas o banco anunciou neste mês que está simplificando as entrevistas de crédito, mantendo apenas as perguntas sobre dados que não precisam ser comprovados. Além disso, os clientes não precisam mais esperar para saber se o empréstimo será ou não concedido – a resposta sai na hora.

Outra providência foi facilitar o financiamento para quem está endividado. O crédito para essas pessoas, que antes era negado de imediato, poderá ser pré-aprovado. Com isso, logo que o interessado comprovar que quitou suas pendências, o financiamento será liberado. O cliente também pode adequar sua proposta, entrando com valores de poupança ou mudando prazo, valor de prestação e outros detalhes do financiamento.

O cliente com restrição cadastral tem mais uma alternativa: participar de algum programa conduzido por companhias habitacionais, prefeituras, associações, cooperativas e entidades privadas voltadas à produção imobiliária.

Como, por lei, o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não pode ser emprestado a quem tem o nome sujo na praça, nesses casos a garantia será a caução da entidade organizadora, que ficará responsável tanto pela execução do projeto quanto pela eventual inadimplência de algum mutuário. No entanto, a garantia da caução só vale para quem ganha de R$ 200 a R$ 900 por mês. "Entre 30% e 40% da população dessa faixa de renda tem problemas de cadastro, e jamais poderia pegar um financiamento", explica Laux.

A liberação de R$ 1,2 bilhão em recursos para a concessão de descontos a famílias com renda mensal de, no máximo, R$ 1,5 mil também veio facilitar o acesso ao financiamento. Em casos extremos, essa espécie de subsídio pode cobrir mais de 80% do valor total do imóvel. O cálculo do desconto segue três critérios principais: renda do mutuário, localização do imóvel e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. Em Curitiba, região metropolitana e cidades com mais de 100 mil habitantes, o desconto máximo é de R$ 12 mil. Nos demais locais, o subsídio atinge até R$ 9 mil. Os recursos vêm do FGTS, Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Orçamento Geral da União (OGU). A meta para os próximos anos também é de 720 mil moradias, para aliviar, aos poucos, um déficit que hoje é de 7 milhões de casas em todo o país. "Se isso for atingido, em 20 anos o déficit habitacional brasileiro estaria resolvido", conclui o gerente.

O eletricista Josué de Souza Silva está a poucos meses de deixar a casa da mãe, em Curitiba, e começar a morar em sua própria residência, em Pinhais. Ele e a esposa, a telefonista Solange Marcondes Silva, não imaginavam que fossem realizar o sonho tão cedo. "Eu sempre achei que pegar financiamento fosse muito complicado, demorado. Fui ao banco só por ir, mesmo", conta Solange.

O casal escolheu a linha de crédito para a compra de material de construção. Passaram-se dez dias desde o momento em que ela levou os documentos ao banco até a data da assinatura do contrato, no início do mês. Na última quinta-feira, os pedreiros estavam prestes a começar a cobertura da casa.

O valor das obras é de R$ 8.050, mas, com o desconto de R$ 1.050 garantido por recursos do FGTS, Josué e Solange poderão pagar em oito anos parcelas mensais de pouco mais de R$ 150 – o que corresponde a cerca de 20% da renda bruta do casal, que é de R$ 780 por mês. O que custou caro foram as taxas de seguro, análise de cadastro, de crédito e as fotocópias dos documentos necessários. "Tudo isso ficou por R$ 260", diz Solange. "Mas as prestações são mais em conta. Vamos começar a pagar no dia 4 de agosto."

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