No Bolso
Franco Iacomini, colunista de Finanças Pessoais
Lembre-se de 2008
Toda estatística sempre deve ser olhada com cuidado. Raramente ela é autoexplicativa. É esse o caso dos dados de inadimplência. É fato que ela apresentou um recuo, atestado pelos dados do Serasa e da Boa Vista Serviços (empresa que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito e que tem como um de seus sócios a Associação Comercial do Paraná). Mas qual é a razão desse recuo? Devemos saudá-lo como um sinal de melhora no preocupante cenário de endividamento das famílias brasileiras?
Ao que tudo indica, mais gente está mantendo as contas em dia porque a economia vai bem. O nível de emprego está alto e muitas categorias tiveram o salário corrigido com ganho real. Como ninguém gosta de ter o nome sujo, essas pessoas quitaram dívidas, e esse é o movimento que foi detectado pelas estatísticas.
Ainda vamos ver se essa tendência se sustenta. Segundo o Banco Central, teremos uma desaceleração na economia nos próximos meses. A profundidade dessa correção ainda é desconhecida. Vale lembrar como foi o finzinho de 2008: tudo ia bem no Brasil, embora em outros países a recessão estivesse à porta. Algumas empresas fizeram cortes preventivos, inclusive de pessoal, o que resultou em dias ruins também para a economia brasileira.
Em resumo, o cenário é bem positivo. Tempos em que a economia cresce são bons também para guardar dinheiro, não só para gastar.
Após seis meses consecutivos de alta, a inadimplência no país caiu 3% em setembro em relação a agosto, informou ontem a Serasa Experian. Na comparação com setembro do ano passado, porém, a incapacidade de o consumidor honrar dívidas desacelerou, mas ainda assim registrou alta de 23,3%. No acumulado dos nove primeiros meses deste ano, a elevação é de 23,4% ante o mesmo período de 2010.
Na avaliação da Serasa Experian, contribuíram para a queda a antecipação do 13.º salário aos aposentados, a redução da taxa básica de juros (Selic) e a menor quantidade de dias úteis em relação a agosto, além de facilidades oferecidas pelos credores ao consumidor para renegociar dívidas.
O Indicador de Inadimplência do Consumidor mostra que a queda foi generalizada. Dívidas com cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços recuaram 3,3% em setembro ante agosto. Já os cheques sem fundo e os títulos protestados apresentaram queda mais expressiva, de 10,3% e 13,9% respectivamente, enquanto as dívidas com bancos diminuíram 0,9%.
O valor médio das dívidas não bancárias que representam 40,3% da composição do indicador recuou 14,8% de janeiro a setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, de R$ 384,29 para R$ 327,59. Por outro lado, o valor médio das dívidas não honradas com bancos equivalentes a 47,8% do indicador subiu 0,6% (para R$ 1.323,54), enquanto o valor médio dos títulos protestados teve alta de 14,9% (para R$ 1.358,22) e o dos cheques sem fundo registrou aumento de 7,9% (para R$ 1.342,78).
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