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Após cinco anos pagando as parcelas do financiamento de um apartamento, Rita de Cássia Carlini, de 50 anos, viu o sonho da casa própria se desmoronar. Sem emprego, a analista de sistema não consegue pagar o financiamento. Atrasou as parcelas, renegociou e voltou a atrasar. Hoje, tem oito parcelas em aberto, mais 15 anos de financiamento e corre o risco de perder o imóvel. "Não há como suportar juros sobre juros."

A realidade de Rita é a de muitos brasileiros, que por problemas financeiros param de pagar as prestações e vêm seus imóveis serem mandados a leilões. E o problema vem crescendo: a inadimplência subiu 58% de janeiro a abril de 2006 na comparação com o mesmo período de 2005, segundo dados da Associação Nacional dos Mutuários (ANM).

- Enquanto em 2005 eram cerca de 60 leilões por dia na capital esse número saltou para 95 - afirma Marcelo Augusto Luz, presidente da associação.

Entre os problemas que atingem os mutuários está justamente a perda de emprego, como aconteceu com Rita. Segundo Luz, da ANM, a partir do terceiro mês de atraso, o banco inicia o processo de execução do imóvel. "Depois, o imóvel vai a leilão".

Para a associação, nos casos de mutuários desempregados, os bancos poderiam conceder um prazo de até 12 meses sem cobrar as prestações. O que deixar de ser pago vai para o saldo devedor e o mutuário paga em um prazo maior no final do financiamento. Outro problema é a queda na renda do mutuário. Para Luz, a prestação poderia ser reduzida proporcionalmente à perda da renda.

Mas para Carlos Eduardo Duarte, superintendente geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que representa os bancos, não há uma disparada na inadimplência. Para ele, o maior problema está nos contratos anteriores a 1998. Depois dessa data, a utilização da Taxa Referencial (TR) para corrigir o saldo devedor e a adoção de novos sistemas de amortização diminuíram as dificuldades do mutuário.

- Os contratos mais antigos é que tinham um grande desequilíbrio. Os atuais têm inadimplência de 8%. Os reajustes dos contratos atuais são suportáveis - acredita.

Segundo a Abecip, a quantidade de mutuários que devem mais de três parcelas no financiamento imobiliário foi de 28,03% em fevereiro.

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