Analistas apontam como cada vez mais provável uma reestruturação da dívida pública de Portugal, Grécia e Irlanda, os três países que pediram ajuda financeira à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajustar suas contas. A reestruturação é uma ação coordenada por um organismo externo, como o próprio FMI, em que o país se compromete a pagar apenas uma parcela do valor do título da dívida. O credor recebe, por exemplo, 70% do que deveria ganhar de acordo com o contrato.
Na última semana, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, afirmou que a Grécia terá de renegociar sua dívida caso uma auditoria a ser realizada em junho mostre que o país não tem condições de honrar as obrigações.
Com a dívida pública a caminho de atingir 150% do PIB, patamar tido como limite para rolagem da dívida a emissão de mais títulos para quitar as obrigações em vencimento , a Grécia não deve ter outra opção a não ser renegociar com os credores.
Hoje, os países com problemas têm basicamente dois caminhos para financiar suas dívidas. Ou emprestam da UE e do FMI, que oferecem recursos a juros de 6,5% ao ano, considerado alto, ou emitem novos títulos da dívida pública que, à sombra de um calote, estão sendo precificados com juros cada vez maiores.
Após a declaração do ministro alemão, os títulos gregos para pagamento em dez anos passaram da casa dos 13% pela primeira vez desde que o país entrou para a zona do euro. O títulos portugueses já estão quase na casa dos 9%.
O problema com a emissão de novos títulos é que esse tipo de medida só vale a pena caso o dinheiro que está sendo emprestado seja alocado em investimentos que terão retornos altos o suficiente para garantir o pagamento mais à frente. Em outras palavras: se não houver crescimento econômico, novos empréstimos só estarão transformando a dívida numa bola de neve.
De outro lado, as condições dos empréstimos do FMI e da UE para os países com problemas criam enormes dificuldades internas. "Os países terão de fazer um corte de gastos e um aumento de impostos tão forte que são praticamente inviáveis", diz Carlos Eduardo Gonçalves, professor de Economia da Universidade de São Paulo, que vê a reestruturação como o melhor caminho para a acalmar os mercados. "É claro que alguns bancos irão perder", diz ele. "Mas os credores também têm responsabilidade e precisam arcar com as consequências de seus atos. A reestruturação é boa porque daí para frente os credores vão ser mais prudentes na hora de fazer novos empréstimos."
Alemães
Na situação europeia de hoje, a declaração de uma autoridade alemã é vista com extrema cautela pelo mercado. A última piada rolando na Europa explica o motivo: um alemão, um grego, um irlandês e um português vão juntos a um bar. O alemão paga a conta. Colhendo os frutos de uma política fiscal responsável, a Alemanha é de longe a economia mais forte da Europa. São os contribuintes germânicos, também, que estão pagando a conta da gastança dos países da periferia. Grécia, Irlanda e Portugal terão poucas opções caso os alemães decidam fechar a torneira.
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