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Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central vê espaço para mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões do Copom.| Foto: Isaac Fontana/EFE

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça (21) que a autoridade monetária pode fazer mais dois cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros nas duas próximas reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom). O ciclo de cortes na Selic começou em agosto após intensas e seguidas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de membros e aliados do governo.

Segundo Campos Neto, apesar da inflação ainda estar um pouco acima da meta, as expectativas de longo prazo apontam para uma redução. E isso, diz, abre espaço para o Copom continuar cortando a taxa de juros.

“As taxas [de juros] são tão restritivas no Brasil que podemos continuar com o processo de redução, pois com a inflação caindo, as taxas reais de juros sobem e há espaço para cortar os juros e continuar no campo restritivo”, disse em entrevista à Bloomberg TV.

Desde o primeiro corte na Selic, a taxa de juros passou de 13,75% para 12,25%, também com duas reduções de 0,50 ponto porcentual. Após as próximas reuniões, Campos Neto diz que as decisões seguintes vão depender de muitos fatores, como “um cenário internacional que aponta muita preocupação, há problemas geopolíticos, há incertezas relativas a preços de petróleo”.

“Mas quando observamos como os mercados emergentes reagiram e o Brasil tem reagido, isso nos coloca em um sentimento positivo”, ressaltou.

De acordo com ele, o Real está com um bom desempenho em relação ao Dólar por conta de uma melhoria na credibilidade do Brasil, ressaltando o ciclo adotado para conter a inflação. E atribuiu a melhora da moeda à entrada significativa de capitais e ao forte desempenho das exportações agrícolas.

No entanto, Roberto Campos Neto alertou que o Banco Central pode voltar a agir se houver alguma percepção de descontrole fiscal. Por ora, diz, o país está em uma boa situação fiscal e aguarda a votação de medidas pendentes no Congresso.

A tão discutida autonomia do Banco Central, aprovada por lei e também criticada por Lula, foi citada pelo presidente da autoridade monetária fazendo uma comparação com o que ocorreu na Argentina – e que foi um dos fatores que levou o país a uma grave crise econômica.

Campos Neto apontou a perda de força na autonomia com mudanças frequentes nas metas fiscais e monetárias, que levaram à perda de credibilidade e a uma espiral inflacionária.

“Só podemos esperar que, com um novo governo, a Argentina seja capaz de dar a volta por cima. É muito importante para o Brasil que a Argentina trabalhe em direção ao equilíbrio porque é um parceiro comercial muito importante”, completou.

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