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Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central minimizou críticas de Lula pela demora em começar a baixar a taxa básica de juros.| Foto: Joedson Alves/EFE

Apesar de ter reduzido em meio ponto percentual a taxa básica de juros e sinalizado novas quedas ainda neste ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diz que a “luta contra a inflação não está ganha” e que uma parte dela ainda está “bastante acima da meta”.

Desde o começo do novo governo, o dirigente da autoridade monetária é alvo constante de críticas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros líderes petistas. Algo que Campos Neto minimiza e considera como normal no “processo de autonomia do Banco Central”.

De acordo com ele, a retomada do ritmo da economia está abaixo do esperado e ainda demanda uma política de juros restritivos. A taxa básica de juros está em 13,25%, decidida no começo do mês durante a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) já com os dois novos diretores indicados pelo governo.

“A luta contra a inflação não está ganha. Uma parte dela se situa ainda bastante acima da meta. O setor de serviços apresenta melhora, mas não no patamar que gostaríamos. Esse cenário demanda um ambiente de juros restritivos”, disse em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta (25).

Campos Neto já havia mencionado essa preocupação na última terça (22) durante a Conferência Anual do Banco Santander, de que a melhora de alguns indicadores de inflação ainda é tímida.

O dirigente da autoridade monetária reafirmou que o BC brasileiro foi o primeiro do mundo a elevar a taxa de juros quando era necessário e foi um dos primeiros a baixá-la, e que a “interpretação da situação global tem se mostrado privilegiada”, com a inflação ainda persistente em outros países.

A última vez que a taxa básica de juros foi reduzida ocorreu em agosto de 2020, em meio à fase mais aguda da pandemia da Covid-19. O ciclo de altas depois até estacionar em 13,75% gerou críticas e Campos Neto chegou a ser chamado de "tinhoso" e "teimoso" por Lula.

Campos Neto minimizou as críticas e disse que o presidente tem o direito de tecer críticas, mas que ele próprio é apenas um voto entre nove conselheiros do Copom.

“Faz parte do processo de autonomia do Banco Central, que está sendo testado agora. Afinal, é a primeira vez que a gente tem a conjunção de independência do banco com mandatos não coincidentes entre o chefe do Executivo e a autoridade monetária”, afirmou ressaltando que diferenças entre o presidente e a autoridade monetária ocorrem também em outros países.

Diferentemente de Lula, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, sempre procurou adotar um tom menos crítico na relação com Campos Neto, a que o presidente do Banco Central considera como uma “boa interlocução”, e que há um “esforço do governo” de cortar gastos de forma estrutural. No entanto, a necessidade de aumentar a arrecadação para cumprir as metas ainda pode ter alguma barreira.

“O ministro está tentando executar um trabalho difícil na parte fiscal. Historicamente, o país tem dificuldades de cortar gastos de forma estrutural. Vejo um esforço do governo nessa linha. Agora, terá de aprovar medidas para aumentar a arrecadação e é aí que observamos alguma incerteza”, completou ressaltando que o mercado prevê um déficit de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) nas contas públicas de 2024, que o governo pretende zerar.

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