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Assédio chega ao Paraná; BR Malls controla dois

O alto volume de recursos nas mãos de grandes grupos que investem em shopping centers já representa assédio para empreendimentos no Paraná. Logo após a estréia na Bovespa, a BR Malls comprou o Shopping Estação e o Estação Embratel Convention Center, que pertenciam à holding G&K, controladora do O Boticário. Pouco tempo depois, a BR Malls comprou, em duas negociações (em maio e junho), 35% do controle acionário do Shopping Curitiba, e é hoje sua administradora. A postura é agressiva em todo o país. "A gente até brinca: qual é o shopping que a BR Malls comprou hoje?", conta o diretor da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga.

Apesar do apetite das incorporadoras, só devem ser alvo de propostas de compra empreendimentos sadios e rentáveis, conta o professor Eduardo Terra, do MBA em Varejo da Fundação Instituto de Administração. "O Mueller é um forte candidato", afirma Terra.

Alexandre Tacla, executivo do grupo dono dos shoppings Crystal e do Palladium – que será inaugurado em breve – conta que os empreendimentos já despertaram interesse de grupos maiores. "Há empresas de olho no Crystal há algum tempo", afirma. Ele diz que não é interesse do Grupo Tacla vender os shoppings. "O assédio existe, mas a decisão de vender vai depender da estratégia de cada grupo. Nós não temos interesse."

O segmento de shopping centers vive um momento áureo no Brasil. Os maiores grupos incorporadores do setor fizeram – ou farão em breve – captações bilionárias na bolsa de valores: estão com muito dinheiro em caixa e apetite de sobra para investimentos e aquisições. Além disso, o potencial de crescimento do segmento de shoppings no Brasil é muito grande, e tem despertado o interesse de grupos internacionais. O capital estrangeiro, assim, chegou com tudo para reforçar o caixa das empresas brasileiras.

Um cenário tão favorável não é visto pelo setor há 20 anos, conta o professor Eduardo Terra, coordenador institucional do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). Ele explica que os grandes financiadores dos shoppings foram, nas últimas décadas, os fundos de pensão. "Mas, com o crescimento da dívida pública, o governo começou a limitar os investimentos dos fundos em negócios imobiliários. Ele precisava que os fundos comprassem títulos do governo. Assim, a principal fonte dos shoppings secou, e o setor ficou adormecido", afirma o professor.

Este ano, o cenário mudou completamente, com a chegada do recurso estrangeiro e a abertura de capital das incorporadoras. "Nos últimos dois anos, foram aproximadamente R$ 4 bilhões, juntando a captação na bolsa com os investimentos estrangeiros", conta Luiz Fernando Veiga, diretor-executivo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)#.

Em fevereiro, a Iguatemi Empresa de Shopping Centers, do grupo cearense Jereissati, levantou R$ 548,7 milhões com sua oferta de ações. A BR Malls, que tem operado com bastante agressividade no mercado paranaense (leia mais no box), captou quase R$ 700 milhões ao estrear na bolsa paulista em abril. A Multiplan, que no Paraná é dona do Parkshopping Barigüi, deve captar mais de R$ 1 bilhão com a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), marcada para o dia 26 deste mês. Quatro dias depois é a vez de a Aliansce estrear na Bolsa de Valores de São Paulo, com uma oferta que pode lhe render até R$ 720 milhões.

O dinheiro obtido já tem destino certo: em seus prospectos enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os quatro grupos informaram que a maior fatia do bolo vai financiar a aquisição de participações em shoppings já existentes. A tendência, de acordo com o professor Eduardo Terra, é a concentração do mercado nas mãos de quatro ou cinco grandes incorporadoras. "Nós vamos ter um mercado mais profissional e ninguém tem muito a perder com isso."

Já o diretor da Abrasce, Luiz Fernando Veiga, acredita que o mercado brasileiro está longe de ser dominado por poucos grupos. "A gente se assusta com esses valores, mas temos que lembrar que um grande shopping é um investimento de R$ 200 milhões. Todo esse dinheiro nas mãos dos grupos não é suficiente para desequilibrar um mercado de 346 empreendimentos, como é o do Brasil." Ele lembra que as incorporadoras também vão investir na construção de novos empreendimentos.

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