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Segundo o IBGE, a carne ficou 8,09% mais cara, com aumento em todos os cortes, do fígado (+3,03%) ao coxão mole (+12,49%).
Segundo o IBGE, a carne ficou 8,09% mais cara, com aumento em todos os cortes, do fígado (+3,03%) ao coxão mole (+12,49%).| Foto: Abiec

Novembro foi pesado no bolso de quem não abre mão da proteína animal no prato cotidiano. Para o consumidor, o mês foi de alta geral nos preços, que começou pela carne bovina, mas atingiu também os suínos e o frango. Segundo o IBGE, a carne ficou 8,09% mais cara, com aumento em todos os cortes, do fígado (+3,03%) ao coxão mole (+12,49%).

Na tentativa de fugir dos valores salgados, a demanda migrou, então, para o porco e as aves, jogando também esses preços para cima, ainda que com menores variações. O porco subiu 3,35%, o frango inteiro, 0,28% e até o ovo teve acréscimo (+0,53%) por causa do "efeito substituição". Mas, o que provocou a alta original?

A resposta para essa pergunta começa no Brasil, e com a afirmação de que elevações de preços são normais para a época do ano. Surpreendente, no entanto, foi o tamanho do aumento, puxado pela PSA, a peste suína africana, que se espalha por países asiáticos, entre eles a China, que já perdeu quase 30% do rebanho.

A doença tem fortes impactos na indústria de carnes do continente, com destaque justamente para os reflexos no mercado chinês, que tem quase 1,5 bilhão de consumidores e é o que mais come carne de porco no mundo. Para manter o varejo abastecido por lá, aumentou-se o volume de importação de cortes bovinos, com compras feitas do Brasil que, além de ser o maior produtor global de gado, está com a competitividade alavancada pela alta do dólar.

O movimento é bom negócio para as exportações do Brasil (que já ultrapassaram o recorde anterior de embarques – registrado em 2018 – e devem fechar o ano com crescimento de 11,3% de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Abiec), mas caiu mal no varejo, já que a demanda chegou em um momento de baixa na oferta. A boiada brasileira está menor por causa do período de seca. De junho a novembro, a redução no regime de chuvas deixa o pasto escasso e diminui a quantidade de animais disponíveis para o abate: é a entressafra do boi, que neste ano foi amplificada pela interferência externa.

Apesar do aumento dos envios para a China (que recebe 1/3 da carne exportada pelo Brasil), vale dizer que o atendimento à demanda do consumidor nacional não foi escanteada em favor dos embarques internacionais. Nesse cenário, também aparecem na equação que provocou a alta de preços de novembro a recuperação gradual do mercado interno em meses recentes e o crescimento da demanda sazonal no país, impulsionada pelas festas de fim de ano e a injeção de recursos adicionais na economia, com o pagamento do 13º salário e o crescimento das contratações, com as vagas temporárias do período.

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