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A indústria automobilística comemora recordes no primeiro semestre. Mais de um milhão de carros vendidos. Por trás desses ótimos resultados, a causa: o longo crediário. Com planos que chegam a até 72 meses (seis anos), é fácil entrar na concessionária, sem nenhum dinheiro no bolso ou no banco, e sair de carro zero-quilômetro, desde que não haja restrições no nome. No entanto, a facilidade pode gerar um prejuízo pouco calculado pelos novos proprietários. Com juros que variam de 1,25% a 2,90%, o cliente compra um carro e paga praticamente por dois.

É o caso de um financiamento tipo leasen de 100% de um Palio 1.2, Flex, duas portas, básico em 72 meses (seis anos). O carro que custa, à vista 24.700, sai no fim do prazo por R$ 45.404 (prestaçoes de R$ 630,62), um aumento de 83%. O cliente paga R$ 20.704 de juros, com 1,4% ao mês.Se levar em consideração que pagando à vista, o consumidor consegue sempre um desconto, o preço pode ser o dobro.

Por isso, os compradores devem ter atenção na hora de fechar o negócio. Há quase que uma "pegadinha": financeiras e bancos jogam juros mais altos para os crediários mais curtos, e taxas menores para quem aceitar o plano a perder de vista. Nem sempre vale a pena.

E os prazos ainda podem ficar mais longos. Segundo a Serasa, as financeiras já estudam oferecer opções de pagamento em até 84 meses (sete anos). Em quatro concessionárias (Volkswagen, General Motors, Ford e Fiat), os vendedores afirmam que a média de prazo escolhida pela maioria dos clientes é de 60 meses, sem entrada.

- Antes, era de 36 meses, mas como a economia estabilizou, as pessoas vêm sem nada e saem de carro zero e com a primeira prestação para daqui 30 dias e a última para daqui seis anos - disse um vendedor da Ford.

Crédito farto e de longo prazo, crescimento da renda e estabilidade econômica são o combustível das vendas. Pelo menos 70% das vendas de veículos são financiadas e metade dos contratos é por prazos acima de 36 meses. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o primeiro semestre de 2007 já é recorde de vendas. Nos seis primeiros meses do ano, o setor vendeu 1,08 milhão de carros, alta de 25,7% sobre o mesmo período de 2006.

70% das vendas são financiadas

A maioria dos clientes que fazem financiamento em mais de 48 meses geralmente troca de carro na metade do prazo e renova o empréstimo. Para Sérgio Reze, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), "o mercado não precisa de períodos mais longos do que os já disponíveis". Hoje, 70% das vendas são financiadas.

De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), os financiamentos atingiram R$ 66,9 bilhões no primeiro trimestre de 2007, 23,3% a mais do que no mesmo período de 2006.

- O volume de crédito para financiamentos tem repercussão direta no bom desempenho do mercado - diz Luiz Montenegro, presidente da Anef.

Do total de carros vendidos no período, apenas 31% foram pagos à vista.

A consumidora Maíra de Souza Costa Olavio, de 28 anos, é uma dos milhares de clientes que confiam na estabilidade econômica e vê vantagens nos prazos longos dos crediários para carros. Há dois meses, ela e marido financiaram um Prisma novo, em 60 meses sem entrada, com taxa de 1,3% ao mês.

- Já que é para financiar, que seja um zero-quilômetro, que é só colocar combustível e andar, sem se preocupar com manutenção

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