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A Polícia Civil do Paraná deflagrou ontem a Operação Medusa III, cujo objetivo era desbaratar a quadrilha que sustentava um cartel de combustíveis na região de Londrina, no norte do Paraná. Foram cumpridos 57 mandados de prisão e de busca e apreensão. De acordo com o delegado Marcus Vinícius Michelotto, que coordenou as investigações, 14 envolvidos serão indiciados em inquérito pelos crimes de formação de cartel e de quadrilha, falsificação de documentos, estelionato, corrupção ativa e passiva e crimes contra a ordem tributária.

Destes, 13 estão presos e dois, foragidos. Entre eles estão listados donos de postos e distribuidoras de combustível, além de contadores e donos de gráficas. As prisões foram feitas simultaneamente em Londrina, Ibiporã, Jataizinho e Cambé.

Para sustentar o esquema, a quadrilha convencia os donos de postos de combustíveis a fixar um preço mais alto e semelhante entre todos – o que configura a formação de cartel. Os comerciantes que se negavam a participar eram ameaçados até que também entrassem no esquema.

A maior

Segundo informações da Secretaria de Direito Econômico, a operação Medusa 3 – como foi batizada – é a maior do gênero realizada na América Latina. No total, 28 postos de Londrina e região estariam envolvidos no esquema. Não há estimativa dos prejuízos que a quadrilha teria causado ao erário, por meio de sonegação de impostos, nem dos lucros obtidos com aumento abusivo dos preços. A polícia ainda investiga a participação de agentes públicos.

Participaram da operação 150 policiais coordenados pela Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, servidores do Ministério da Fazenda, da Receita Estadual e a diretora da Secretaria de Direitos Econômicos, ligada ao Ministério da Justiça, Ana Paula Martinez. Cerca de vinte funcionários dos três órgãos estão trabalhando ao lado da polícia nesta operação.

Ana Paula explicou que, de 300 investigações feitas pela secretaria, a respeito de cartéis, a metade se refere ao ramo de combustíveis. "Vamos nos ocupar agora de analisar provas para oferecer a denúncia", afirmou. Para ela, a reação natural do setor, a partir da operação, será baixar o preço dos combustíveis. Num caso semelhante em João Pessoa (PB), no mês de maio, depois que o cartel foi desbaratado, o preço do litro da gasolina caiu de R$ 2,74 para R$ 2,22. "É o próprio mercado que se regula", apontou. Ana Paula não revelou se houve escuta telefônica durante as investigações.

Na opinião do secretário estadual de Segurança, Luiz Fernando Delazari, outra conseqüência provável é o aumento de casos de adulteração de combustível, para garantir a margem de lucro anteriormente obtida com o cartel. Por isso, disse que a fiscalização contra a adulteração deve ser reforçada.

O promotor de Defesa do Consumidor de Londrina, Miguel Sogaiar, que já investigava a cartelização do setor de combustíveis na região, disse que vai aguardar a polícia concluir o inquérito para decidir se oferece ou não denúncia contra os acusados.

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