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Em tese, empresas e governos deveriam sempre se esforçar para tornar sua gestão mais eficiente. No entanto, medidas como o corte de gastos supérfluos e a escolha mais inteligente dos investimentos costumam ser esquecidas quando a economia está aquecida – só se recorre a elas quando o cenário fica mais nebuloso. Pois bem, nuvem é o que não falta na economia em 2009. E diversas empresas já foram forçadas a direcionar melhor seus recursos, cortando despesas que tinham pouco ou nenhum efeito sobre a melhora de sua atividade.

"Ainda não podemos dizer que o governo também esteja aproveitando esse ‘lado bom’ da crise", diz o economista Evaldo Alves, da Fundação Getulio Vargas (FGV/SP). "O momento é ótimo para ajustar o déficit fiscal. Não falo em cortar gastos sociais, que são saudáveis para manter a demanda. O importante é cortar despesas de custeio e manutenção da máquina pública, algo em que ninguém pensa quando tudo está indo bem, e criar sobras para o investimento público."

Ricardo José de Almeida, professor de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), defende que o setor público e a iniciativa privada deveriam aproveitar a desaceleração da atividade econômica para acabar com os gargalos da infraestrutura brasileira e para ampliar a capacidade de produção. "Quando uma indústria amplia seu parque fabril, cria condições de atender à demanda quando esta crescer, e sem provocar inflação por falta de oferta de produtos. O mesmo vale para a infraestrutura de transporte, ferrovias, portos", diz Almeida. "Mas, infelizmente, só vejo gente adiando esse tipo de investimento. Aí, quando a demanda voltar a crescer, esses setores estarão novamente sob pressão, assim como a inflação."

Comércio exterior

Evaldo Alves, da FGV/SP, acrescenta que, por conta da retração dos países desenvolvidos, a crise pode obrigar o Brasil a estreitar laços comerciais com países emergentes. "Com Estados Unidos e Europa mal das pernas, seremos forçados a aprofundar acordos com o mundo em desenvolvimento", afirma. "Temos um potencial enorme a desenvolver com o Oriente Médio, e precisamos dar mais atenção a países que temos negligenciado, como África do Sul e Índia."

A queda das cotações de produtos básicos, consequência imediata da crise global, também tende a forçar o país a rever sua pauta de exportações. Para Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, "mais uma vez ficou patente que o país é extremamente vulnerável a reduções de preços das commodities". "O Brasil se especializou nesse tipo de produto nos últimos anos. Mas não pode mais depender das mudanças de ventos do mercado internacional. Precisamos resgatar o conceito de políticas industriais, estimulando a produção de bens de alto valor e tecnologia agregados." (FJ)

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