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No ano em que a economia brasileira deverá crescer mais de 7%, as centrais sindicais resolveram deixar as diferenças de lado para juntar forças na tentativa de arrancar aumentos reais de salários mais polpudos nas negociações salariais do segundo semestre. A estratégia prevê ainda uma maior mobilização na luta por direitos como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, bandeira de quase 20 anos das centrais.

É na segunda metade do ano que se concentram as negociações das categorias mais organizadas do País, como metalúrgicos, petroleiros, bancários, eletricitários e químicos. As centrais querem unificar a campanha salarial dessas categorias.

As reivindicações de aumento real de salários dessas categorias variam de 5% a 11%, além da reposição das perdas com inflação. Em 2009, o aumento ficou, em média, 2% acima da inflação.

Sindicatos filiados a uma mesma central já fazem campanhas unificadas. A união das centrais, porém, é inédito na história do movimento sindical brasileiro.

A ideia inicial do movimento é buscar a unidade das centrais na campanha, porém sem unificar toda a pauta de reivindicações nem a data-base das categorias. No entanto, traria um índice de referência para as reivindicações de aumento real dos salários. Uma das ideias em discussão prevê que o índice seja equivalente ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 7,3% este ano.

Além disso, a pauta das diversas categorias incluiria também alguns pontos considerados bandeiras do movimento sindical. Além da redução da jornada para 40 horas, os sindicalistas discutem, entre outras coisas, a inclusão de mecanismos semelhantes à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que causa arrepios no mundo empresarial. Ela estabelece que nenhuma empresa não pode demitir sem apresentar justificativa.

A movimentação das centrais parece não assustar o empresariado. Pelo menos na ótica diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, que vê com "naturalidade" a mobilização dos trabalhadores. "Tem períodos em que a posição negocial dos empresários é muito mais forte, porque atrás dos trabalhadores está o fantasma do desemprego", observa o executivo. "De repente, como agora, os fantasminhas mudam de lado e vão para trás dos empresários."

Para Francini, o fato de a economia brasileira viver um bom momento, com crescimento previsto de mais de 7%, favorece a mobilização dos trabalhadores. "É natural, mas não quer dizer isso que deva ser concedido ou não deva ser concedido, apenas é um jogo de forças que sempre existe numa negociação."

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