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Itaipu tem entregado 17% de toda a energia consumida no Brasil, além de mais de 75% do mercado paraguaio | Rubens Fraulini/ Itaipu Binancional
Itaipu tem entregado 17% de toda a energia consumida no Brasil, além de mais de 75% do mercado paraguaio| Foto: Rubens Fraulini/ Itaipu Binancional

A estiagem histórica no Nordeste e a abundância de chuvas no Sul expõem os extremos de dois dos maiores projetos hidrelétricos do país. Nesta semana, quando a usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), registrou novo recorde de geração de energia elétrica, com a marca de 14.167 megawatts (MW) de produção, número superior à potência instalada de 14 mil MW, o reservatório de Sobradinho, no sertão da Bahia, secou ainda mais e atingiu apenas 5% de sua capacidade total.

Com as chuvas forte dos últimos dias, o reservatório de Itaipu, que é a segunda maior hidrelétrica do mundo – atrás da chinesa Três Gargantas em capacidade instalada – atingiu 100% de sua capacidade. No nível pleno, a usina foi ainda obrigada, inclusive, a abrir as comportas de seu vertedouro por três dias, ou seja, teve que liberar o excesso acumulado.

Com essa força, Itaipu tem entregado 17% de toda a energia consumida no Brasil, além de mais de 75% do mercado paraguaio. Em situação absolutamente oposta, Sobradinho, que tem o segundo maior reservatório do Brasil em capacidade de armazenamento – só inferior ao lado de Serra da Mesa – vive o drama de ter que reduzir as vazões para que não chegue ao “volume morto”, como ocorreu com o Sistema Cantareira, em São Paulo.

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Mantidas as atuais condições de chuvas, são grandes as chances de Sobradinho zerar seu reservatório até o início de novembro. O esforço atual é tentar guardar o máximo de água possível, sem comprometer o abastecimento da população.

Diferentemente de Itaipu, o reservatório de Sobradinho não foi criado apenas para produzir energia em sua barragem, que tem capacidade de gerar até 1.050 MW. Sua principal vocação, na realidade, é funcionar como um reservatório de “regularização”, permitindo que as demais usinas que estão abaixo de seu reservatório – há um complexo com seis hidrelétricas – se beneficiem da vazão do São Francisco.

ONS

Desde a semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pela gestão do setor em todo o país, avalia a possibilidade de reduzir, mais uma vez, a vazão de Sobradinho para inéditos 800 metros cúbicos por segundo.

Hoje o reservatório tem liberado 900 metros cúbicos, uma condição já extrema, quando considerado que, em situação regular, os órgãos ambientais permitem que a vazão mínima do lago artificial seja de 1,3 mil metros cúbicos por segundo.

Os dados apontam que esta é a pior crise da Bacia do São Francisco – que abastece 97% da região Nordeste – nos 84 anos da série histórica.

Em situações extremas como a atual é que o Sistema Interligado Nacional (SIN) passa a ser primordial para garantir o abastecimento do país, explica Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Abastecimento

Praticamente 100% da energia entregue por Itaipu tem sido destinada para a região Centro-Oeste do país, enquanto a região Sul é suprida por fontes locais. No intercâmbio de energia, apontam os dados do ONS, todos os esforços têm se concentrado no abastecimento dos principais centros urbanos do país e da região Nordeste.

“Temos uma linha de transmissão com 130 mil km de extensão. É a maior linha do planeta. Nessas horas, esse fluxo é primordial para garantir o abastecimento”, diz Castro. “Há um problema de ordem conjuntural no setor. Os três últimos anos estão absolutamente fora da média em relação às chuvas.”

Nos últimos dias, o Nordeste tem recebido cerca de 3 mil MW de energia de outras regiões do país. “É preciso destacar, porém, que boa parte do abastecimento da região tem sido suprida pelas usinas eólicas e térmicas”, comenta Castro.

Da carga total de cerca de 10,2 mil MW gerada por todas as usinas do Nordeste, 2,8 mil MW são vem dos ventos. Para o especialista da UFRJ, a tendência é de que, em breve, o Nordeste passe a ser exportador de energia eólica para outras regiões.

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