Ouça este conteúdo
O porta-voz do Ministério do Exterior da China, Lin Jian, elogiou o Brasil no campo da aviação nesta quarta (16) após as companhias aéreas chinesas suspenderem a compra de aviões da Boeing e de peças dos Estados Unidos, por conta do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump.
A notícia da suspensão das compras foi divulgada na terça (15) pela Bloomberg com relatos de fontes no governo chinês, o que fez com que as ações da companhia brasileira subissem 3%.
“Gostaria de salientar que o Brasil é um importante país da aviação, e a China atribui grande importância à cooperação prática com o Brasil em vários campos, incluindo a aviação. A China está satisfeita em ver que as companhias aéreas chinesas realizam uma cooperação relevante com o Brasil, de acordo com os princípios do mercado”, disse Jian.
Apesar da alta das ações da Embraer, a bolsa brasileira fechou a terça (15) em queda de 0,16%, e abriu o pregão desta quarta (16) também caindo 0,17%. Já o dólar se valorizou 0,23% a R$ 5,90 por volta das 10h20.
A Embraer tenta há, pelo menos, dois anos, fechar a venda de cerca de 20 jatos a uma empresa regional chinesa. As negociações com a ajuda do governo brasileiro ainda não foram concluídas, mas os comentários públicos do porta-voz chinês foram interpretados como sinalização diplomática favorável à aproximação.
Lin Jian, no entanto, evitou comentar a notícia do boicote à Boeing e a peças de aviação produzidas nos Estados Unidos. No entanto, o governo chinês afirmou que ajudará financeiramente as companhias aéreas do país caso tenham que buscar outros mercados mais caros para fazer a manutenção dos aviões.
Apesar da postura ambígua, o governo chinês tem usado o momento para reforçar a presença diplomática na América Latina e em outros vizinhos asiáticos. Em uma coletiva anterior, Lin Jian rebateu duramente uma crítica feita pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que classificou como “vorazes” os investimentos chineses em países emergentes.
“Permitam-me salientar que a China empreende uma cooperação prática com os países da América Latina e do Caribe com base no respeito mútuo, na igualdade e no benefício mútuo, o que impulsionou muito o desenvolvimento socioeconômico nos países e foi bem recebido e elogiado por eles”, afirmou o porta-voz.
Ainda segundo ele, os Estados Unidos “não estão em posição de apontar o dedo para a cooperação entre a China e os países”, acrescentando que “a intimidação e a pilhagem de longa data deixaram a América Latina com veias abertas”.
As declarações de Bessent foram feitas em solo argentino e geraram resposta direta da embaixada da China em Buenos Aires, que acusou o representante americano de espalhar uma “calúnia maliciosa”.