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A China iniciou uma campanha de quatro meses contra alimentos, medicamentos e outros produtos com defeitos ou contaminações, disse a imprensa estatal na sexta-feira, enquanto as autoridades adotavam táticas consagradas para melhorar a imagem dos rótulos "made in China".

A vice-primeira-ministra Wu Yi disse a autoridades que a campanha, até o fim do ano, vai focar os produtos problemáticos que corroeram a confiança dos consumidores de produtos chineses no mundo todo.

- Trata-se de uma batalha especial para proteger a saúde e os interesses pessoais do público e para proteger a reputação dos bens chineses e a imagem nacional", disse Wu, segundo o site do governo chinês .

Ela qualificou a campanha como "uma austera tarefa política", sinalizando que as carreiras dos funcionários estão em jogo.

Nesta semana, a Gulliver também enfrenta problema com brinquedos da linha Magnetix. Ímãs do primeiro lote importado da China estão se soltando.

A Mattel, maior empresa mundial de brinquedos, foi outra empresa atingida. Ela decidiu recolher 18 milhões de peças produzidas na China devido ao perigo representado por pequenos ímãs destacáveis. Antes, a empresa recolhera 1,5 milhão de brinquedos cujas tintas tinham excesso de chumbo.

A Wal-Mart, maior rede de supermercados do mundo, pediu a seus fornecedores que reapresentem os documentos de liberação dos brinquedos ali vendidos.

Também houve problemas com outros produtos chineses, como cremes dentais, rações animais, pneus e frutos do mar. No Panamá, houve mortes devido ao consumo de um xarope de origem chinesa contaminado com um produto químico.

A China reagiu adotando novas regras, fechando fábricas e convocando constantes entrevistas coletivas. Agora, surge a campanha em velho estilo para "chacoalhar" os empresários, muitas vezes mais preocupados em cumprir as metas econômicas.

Wu disse que há falhas nas inspeções e falta de cooperação entre agências rivais. Ela prometeu colocar esses órgãos na linha com uma lista de oito tarefas e 20 metas específicas.

- Claramente, trata-se de uma abordagem autocrática,de cima para baixo, usando métodos de campanha - disse Mao Shoulong, professor de Políticas Públicas na Universidade Popular.

- Na China, esse método de campanha ainda tem um papel no tratamento de problemas relativamente simples, porque quando os funcionários de base vêem o premiê ou um vice-premiê tomando o assunto para si, focando nele, eles sabem que têm de sentar e prestar atenção - completou.

Desde que chegou ao poder, em 1949, o Partido Comunista costuma recorrer a campanhas curtas contra inimigos, pestes e gargalos administrativos. Nas últimas décadas, porém, a frequência dessas campanhas diminuiu.

- A execução de Zheng Xiaoyu também foi parte dessa abordagem de campanha para chamar a atenção dos funcionários - disse Mao, referindo-se à pena de morte imposta em julho a um ex-diretor do órgão responsável pela segurança de alimentos e remédios, acusado de ter recebido propinas.

Agora, o governo destacou 60 "condados-modelo da segurança dos alimentos", que devem servir de exemplo ao país.

Wu anunciou metas para a limpeza de abatedouros de porcos, restaurantes e cantinas, para a melhoria no uso de pesticidas e aditivos e para os produtos de exportação.

O jornal Shanghai Daily disse na sexta-feira que as autoridades municipais apreenderam mais de uma tonelada de um tipo de alga comestível que estava embebida em um produto tóxico para dar a impressão de frescor. Também havia vinho e vinagre falsificados.

Segundo o China Daily, a campanha pode não ser tão eficiente. "Construir um mecanismo onipresente de monitoramento e garantia se provará uma missão desafiadora para uma campanha de quatro meses", opinou o jornal.

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