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O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, responsabilizou três fatores pela valorização excessiva do real: a confiança dos investidores no bom de­sempenho da economia local, as taxas de juros muito altas do Brasil e as políticas de países emergentes de fora da região de manter suas moedas artificialmente enfraquecidas.

"O Brasil não está sozinho, mas, de alguma maneira, assiste a um processo de atração de capital único e desproporcional", disse Geithner em São Paulo, durante um bate-papo com estudantes na Fundação Getulio Vargas. "Um número significativo de economias emergentes pratica uma política designada para manter sua moeda desvalorizada, o que exacerba fatores básicos no Brasil", explicou.

O secretário não mencionou diretamente a China, mas apontou o dedo para Pequim, que mantém o iuan atrelado ao dólar. Nos próximos dias 18 e 19 de fevereiro, ocorre a reunião de ministros da Fazenda do G20. O objetivo dos Estados Unidos é atrair o Brasil para uma frente contra a China nesse encontro.

Os EUA defendem um maior equilíbrio global, com os chineses consumindo mais e os americanos poupando mais, e chegaram a propor que os países se comprometam a manter os superávits e déficits de sua balança comercial sob controle. Os chineses resistem a essa ideia.

Geithner veio ao Brasil ontem para preparar a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, em março. Os Estados Unidos querem aproveitar a posse de Dilma Rousseff para melhorar as relações com o país, que ficaram estremecidas com Lula. Pela manhã, em São Paulo, o secretário participou de um café da manhã com grandes empresários e conversou com estudantes na FGV. À tarde, em Brasília, reuniu-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e foi recebido pela presidente Dilma Rousseff.

Juros

Os comentários do secretário deixaram clara a posição americana: a valorização do real é culpa de questões internas e do iuan fraco. Na avaliação dele, a taxa de juros no país ainda é "muito, muito alta". "Essa diferença é uma grande fonte de atração para os capitais", argumentou. Geithner deixou de fora o papel dos Estados Unidos na "guerra cambial". Os EUA emitiram moeda para estimular sua economia e esses recursos acabaram canalizados para os mercados emergentes. "O governo americano está perseguindo o crescimento sustentável e isso será positivo para todos os países", limitou-se a dizer o secretário, ao ser questionado sobre o assunto.

Se o Brasil alterar sua posição sobre a China, significará uma grande mudança em relação ao que foi defendido na administração Lula. O governo brasileiro sempre entendeu que os EUA também são culpados pela "guerra cambial".

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