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Clínicas dispõem de todo material fundamental para atendimento. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Clínicas dispõem de todo material fundamental para atendimento.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Se os planos de saúde perderam 1,3 milhão de clientes em um ano, as clínicas populares não têm do que reclamar.

Com a crise, muitas pessoas tiveram o plano de saúde empresarial cortado ao serem demitidas e não conseguiram arcar com os custos da mensalidade individual.

Sem o interesse em recorrer ao Serviço Único de Saúde (SUS), os consumidores com maior poder aquisitivo começam a descobrir as clínicas populares - um mercado que está em franco crescimento no país.

Como funcionam

Confira os serviços e condições oferecidas por algumas das clínicas populares que atuam em Curitiba:

acesso saúde

São mais de 34 especialidades médicas, cerca de 1.200 tipos de exames, além de serviços odontológicos, de psicologia, nutrição, fisioterapia e fonoaudiologia, sem cobrança mensal. Uma consulta na rede custa a partir de R$ 73 e os valores dos exames são cerca de 50% mais baratos que o mercado, com preços que se iniciam em R$ 4,78 (glicemia).

Clip

A clínica atua com consultas e exames de diversas especialidades. Há desde cardiologia até neurologia. Já os exames disponíveis são ecocardiograma, teste ergométrico, tomografia, ultrassonografia, exames laboratoriais e preventivos de ginecologia. Os atendimentos são realizados mediante agendamento pelo site, telefone ou pessoalmente. Em média, a demora para conseguir uma consulta ou exame não ultrapassa uma semana.

clifame

Clínica que atende 30 especialidades, realiza exames, além de atendimento odontológico e ortodôntico. Cobra de R$ 40 a R$ 70 por consulta, com possibilidade de parcelamentos de exames em até 12 meses, com parcela mínima de R$ 50.

Só em Curitiba há, pelo menos, três empresas no segmento (Acesso Saúde, Clip e a Clifame) e, em São Paulo, a Dr. Consulta se destaca por ter recebido US$ 25 milhões de fundos de investimento.

O modelo de negócio, já conhecido pela classe C e que, aos poucos, começa ser explorado pelo público de maior poder aquisitivo, se resume em oferecer consultas e exames médicos a preços baixos, sem cobrança de mensalidade.

Em geral, as consultas custam até R$ 100, inclusive para especialidades como ginecologia, oftalmologia e dermatologia. Os exames são cerca de 50% mais baratos do que nas clínicas convencionais e vão desde coleta de sangue até tomografia.

Cortar custos

Para conseguir oferecer os serviços a preço baixo, as clínicas se desdobram para cortar custos internos e negociar contratos mais vantajosos.

As estruturas são simples, porém dispõe de todo o material fundamental para atendimento.

Os médicos são todos com experiência e têm flexibilidade para montar suas grades de horário.

Já os exames mais complexos são feitos em clínicas parceiras, que oferecem condições especiais pelo grande volume de clientes.

As clínicas populares também trabalham com margens de lucro menores e, por não possuírem área hospitalar, gastam menos com equipamento.

Além disso, João Matos, sócio da Clifame, afirma que as clínicas estão sempre “com a agenda cheia”,pois estão localizadas em pontos estratégicos das cidades – próximas a terminais de ônibus, postos de saúde e hospitais.

1,3 milhão

foi o número de brasileiros que deixaram de ter planos de saúde de março de 2015 até o mesmo mês deste ano, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os planos coletivos empresarias foram mais impactados, devido ao fechamento de vagas formais.

Os fundadores dos empreendimentos garantem que o formato é atrativo para todos, pois democratiza o serviço de atendimento médico e gera lucro. A Acesso Saúde, que possui 12 unidades no país, faturou R$ 15 milhões em 2015 e prevê chegar a R$ 20 milhões neste ano. Nas três unidades em Curitiba e região, são 144 médicos credenciados que ganham, em média, R$ 40 por consulta.

Sem divergências

Os proprietários de clínicas populares afirmam que não há divergências com os planos de saúde, pois eles atuam com nichos de mercado diferentes. Enquanto o segmento de plano de saúde foca nas classes A e B e em contratos com empresas, as clínicas populares atendem pessoas que não possuem condições de pagar mensalmente pelo atendimento médico.

Clínicas demoraram a ganhar a confiança de médicos e pacientes

Se os ventos sopram a favor das clínicas populares, no passado o cenário era bem diferente. A principal dificuldade dos negócios era conquistar a confiança de médicos e clientes. “No primeiro ano, convidamos 70 médicos, mas só 22 aceitaram o convite”, afirma Antônio Carlos Brasil, que criou a Acesso Saúde há dez anos, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Ele conta que as pessoas tinham a impressão que “se é barato, é ruim”.

A mesma dificuldade teve a Clifame, de Curitiba, que atua desde 1973 na área médica. “As pessoas achavam que saúde era inacessível”, explica João Matos, sócio da clínica. Foi a divulgação boca a boca que levou a popularização do formato entre as classes de menor poder aquisitivo.

A ascensão da classe C na última década também facilitou o crescimento das clínicas populares. “Mais da metade da população não tem plano de saúde. Estamos atuando em um mercado inexplorado”, diz Matos. Ele afirma, ainda, que a maior parte dos problemas de saúde não precisa de internação e pode ser resolvido em clínicas populares, o que facilita à adesão ao sistema.

O fato de não cobrar mensalidade também ajuda na difusão do negócio que começa a ganhar grandes nomes no mercado e a estar cada vez mais comum em bairros populares de grandes metrópoles.

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