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Centenária, marca sempre se renovou

Fundada em 1901 por Agostinho Ermelino de Leão Júnior, a Leão Júnior pegou carona no ciclo do mate, pilar da economia paranaense até o fim da década de 20. A erva-mate chegou a responder por 85% das receitas do estado. O beneficiamento na fábrica de Curitiba foi interrompido por três incêndios, mas a empresa se recuperou e assumiu a liderança do setor, exportando mais de cinco mil toneladas por Paranaguá. De início, utilizava a Estrada da Graciosa, acondicionando as barricas de pinho lotadas de mate no lombo de burros. Depois, a demanda forçou a construção da estrada de ferro que corta a Serra do Mar para escoar a produção destinada ao Chile, Uruguai e Argentina.

Nos anos 40 surgiu o mate tostado, já com a marca Matte Leão. Durante a guerra, o Brasil conseguia importar poucas quantidades de chá, o que impulsionou a presença da Leão Júnior no país.

A conquista do Rio de Janeiro se deu nos anos 50. O calor favoreceu o lançamento da versão gelada da bebida. Nos anos 60 e 70, com os hábitos de consumo de maior praticidade, a empresa lançou o Matte Leão solúvel, o concentrado para chá líquido e o chá seco em saquinhos. Depois vieram novos sabores – chá preto e de ervas naturais – e o pronto para beber.

Na década de 90, a empresa inovou no mercado brasileiro com embalagens do chá gelado em lata, garrafa pet e copo selado, além de novos sabores de chá. Hoje ela segue o ritmo exigido das grandes empresas do setor de alimentos, com lançamentos a cada estação, e não descarta entrar no segmento de chás premium. (HC)

A Coca-Cola Brasil ampliou ainda mais a presença no mercado de bebidas não-alcoólicas com a compra da paranaense Leão Júnior, anunciada oficialmente ontem pela subsidiária da multinacional norte-americana. O valor do negócio não foi divulgado, mas analistas do mercado estimam que ele fique entre R$ 200 e R$ 400 milhões.

O negócio deve ser apreciado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça ainda neste semestre, o que é obrigatório, já que, juntas, as marcas Nestea (marca da Nestlé envasada no Brasil pela Coca-Cola) e Matte Leão, da Leão Júnior, detêm 70% do mercado de chá pronto.

Serão incorporados ao portfólio da Coca os mais de 60 produtos da empresa paranaense, além das três unidades de produção (em Curitiba e Fernandes Pinheiro, no Paraná, e no Rio de Janeiro). Os fabricantes que envasam produtos da Coca-Cola no Brasil também devem participar da Leão Júnior, o que não foi detalhado.

O planejamento de negócios que a Leão Júnior vinha seguindo não será descartado, incluindo novos lançamentos para breve. A partir da semana que vem, ele será reformulado "a quatro mãos", de acordo com o diretor de novas bebidas, Sandor Hagem, referindo-se ao diretor geral da Leão Júnior, Renato Barcellos Guimarães.

"Há fortes chances de ampliarmos a produção", diz Hagem. De início, os produtos secos e líquidos continuam sendo produzidos nas unidades originais. Podem ser incluídos novos destinos de exportação, que hoje se resumem a Estados Unidos e Japão.

A multinacional descartou a possibilidade levantada de extinguir a linha de chá seco, que representa boa parte do negócio da empresa paranaense. "Acreditamos muito na continuidade do crescimento de segmentos de bebidas não-alcoólicas no país, e nos manteremos atentos a novas oportunidades para atender e superar as expectativas dos nossos consumidores", afirmou por meio de nota Brian Smith, presidente da Coca-Cola Brasil, que considera provável que a empresa faça novas aquisições em breve.

Segundo ele, será mantida a alta gerência da Leão Júnior, cuja gestão familiar foi profissionalizada recentemente. Em nota, o diretor da Leão, Renato Guimarães, diz que a empresa ficou mais competitiva no mercado de bebidas para enfrentar a forte concorrência do segmento, o que, aliado aos bons resultados financeiros, tornou "natural, com toda esta movimentação, que a Leão ganhasse mais visibilidade no mercado, atraindo o interesse de potenciais compradores".

O processo de compra começou há seis meses, quando a Leão Júnior, após processo de reestruturação, decidiu vender seus ativos e abriu concorrência entre cinco empresas globais. Foi a Leão que chamou os concorrentes para apresentarem suas propostas de compra, em setembro do ano passado. Os dados do balanço de 2006 comprovam o bom andamento da empresa e forte potencial de crescimento. O faturamento aumentou 18,2% em 2006 em relação a 2007, em R$ 158,9 milhões. O volume de vendas também aumentou quase 30%, e o nível de endividamento é baixo.

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