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Aos bancos se dará tempo para salvar-se por si mesmos ou por incorporação a outros, quando se descobrir alguma maquilagem "contábil" de fundos sob seu patrocínio

A crise financeira dos "subprimes" não é um enigma. Quando uma nova oportunidade que oferece lucros rápidos encontra financiamento fácil, a expectativa dos agentes tende a realizar-se. A infecção se espalha; os lucros são tão substanciais para os agentes e seus financiadores que eles esquecem os "riscos". Um dia estes também insistem em ser protagonistas e se materializam. A "bolha" explode e os portadores dos "papéis sub" acordam mais pobres. E é tudo!

Trata-se de um problema do mercado financeiro desregulamentado que os Bancos Centrais aprenderam a enfrentar com Alan Greenspan na crise que levou à falência, em 1998, o famoso "hedge fund" LTCM (Long Term Capital Management), que, por ironia, era dirigido por dois economistas (prêmios Nobel) que haviam inventado a teoria para medir "riscos". A solução Greenspan é simples: abrir os "guichets" sem medir "riscos" para acomodar o pânico inicial que pode causar uma corrida contra todos os intermediários financeiros e produzir uma crise de crédito que se transmitiria à economia real. Depois, com o "mercado" financeiro menos assustado, recolhe-se o lixo que sobrou da enxurrada...

Aos bancos se dará tempo para salvar-se por si mesmos ou por incorporação a outros, quando se descobrir alguma maquilagem "contábil" de fundos sob seu patrocínio, mas cujos "riscos" não estavam explicitados em seus balanços. Os "bônus" distribuídos aos agentes financeiros estarão blindados de todo "risco", aplicados em Treasury Bonds. Aos portadores dos "sub" se dará consolo!Um problema interessante e para o qual a teoria econômica não tem resposta (ainda que alguns pensem que têm) é saber em que condições uma perturbação dessa ordem no mercado financeiro pode transmitir-se para o setor real da economia, provavelmente através da variação do consumo. Na teoria neoclássica a ligação se faz por uma famosa relação que liga as variações do consumo, à taxa de retorno do capital (que depende dos preços das ações nas bolsas), mas os testes empíricos, sobre sua validade levam a conclusões muito duvidosas. Quando se abandona as simplificações exageradas que sustentam a teoria macroeconômica neoclássica, as objeções à validade daquela relação são ainda mais profundas. Isso aliás é visível do ponto de vista prático. Até hoje os bancos centrais não sabem como incluir formalmente nas suas decisões o comportamento do mercado de capitais.

contatodelfimnetto@uol.com.br

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