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Não é de hoje que abro o meu coração nesta coluna para lamentar a sujeira que domina as paredes dos edifícios públicos e privados de São Paulo. Trata-se de uma sujeira grotesca, ofensiva, sem sentido.

Uma coisa é a arte do grafite. Outra é essa nojenta prática da pichação que ofende a alma dos que aqui vivem, do centro da cidade até as periferias, nos quatro pontos cardeais. Não há lugar por onde se passa sem ser agredido por mensagens desconexas que bem representam o caos mental dos seus autores.

A capital de São Paulo está disputando o primeiro lugar nesse nefasto exercício de pichar as paredes e muros. Observei cuidadosamente a situação do Rio de Janeiro nesse item. Pelo menos no centro e na região das praias a limpeza é exemplar, o que não ocorre em São Paulo. Há cerca de dois anos, vi muita limpeza em varias outras cidades do país.

O que explica tanta sujeira em São Paulo? Isso me intriga. Não sou capaz de dar uma resposta satisfatória. Chego apenas a algumas hipóteses.

De um lado, penso que as autoridades se omitem na limpeza imediata daquilo que foi emporcalhado por vândalos insensíveis. De outro, sinto a ausência de um sistema que combine, em dose certa, punição com educação. Aos que violam os espaços públicos, os juízes poderiam intensificar o uso das penas alternativas, colocando nas mãos desses meliantes tinta e pincel para pintarem escolas, hospitais e repartições públicas.

Ao lado disso, gostaria muito de ver as crianças aprendendo no lar e na escola que sujar um bem público é ofender o semelhante, pois ninguém é obrigado a olhar para mensagens indecifráveis e de extremo mau gosto.

Já externei várias vezes o meu amor por São Paulo, terra onde nasci e trabalho há 57 anos. Trata-se de uma cidade bonita. O centro abriga belas obras de arquitetura inspiradas no gênio de Ramos de Azevedo. A praça da República, o largo do Arouche, o jardim do Trianon e as avenidas 9 de Julho e Paulista têm o seu encanto quando se olha para o seu desenho e para a beleza das árvores e dos jardins.

Cada vez mais, essa São Paulo está ficando como lembrança do passado. Hoje, além da pichação, as ruas e as praças foram tomadas por moradores que ali dormem, cozinham e lavam suas roupas como se estivessem num quintal.

São Paulo tem tudo para acabar com esse vergonhoso quadro. É questão de tomar as medidas adequadas. Sujeira nada tem a ver com pobreza. Tem a ver com civilidade.

Está na hora de encetarmos um grande movimento por uma São Paulo mais limpa e para dizermos ao mundo que somos uma cidade civilizada.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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