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As mudanças climáticas tomaram conta do noticiário dos últimos meses. Relatórios da ONU e de comissões de recursos naturais trouxeram dados preocupantes. O que se considerava uma hipótese, hoje é séria ameaça ao planeta se o comportamento humano continuar o mesmo.

Vejamos o caso da água. O Brasil é um país privilegiado. Não só possuímos uma grande quantidade de bacias hidrográficas como dispomos de um regime de chuvas que tem favorecido o trabalho e a vida nesta parte do Planeta. Os últimos 24 meses, por exemplo, apresentaram resultados bastante satisfatórios na maioria das regiões do país.

Enquanto isso, os Estados Unidos estão vivendo um verdadeiro inferno astral. Em reportagem publicada no dia 8 passado, o jornal "USA Today" anuncia uma "seca para as calendas".

Um país que depende tanto da sua agricultura, e que usa a água de forma abundante e até excessiva, vê um terço de seu território atacado por forte seca.

A prolongada escassez de chuvas ameaça a nação. Os estados da Califórnia e de Nevada tiveram o mais seco mês de maio desde 1924, e junho promete ser igual, o que está obrigando os pecuaristas a vender o gado. A Flórida, um quase-paraíso das águas, tem vários lagos completamente secos. No Alabama, a cultura do milho está severamente prejudicada. O prefeito de Los Angeles já deu o alerta: pediu para a população economizar, no mínimo, 10% de água todos os dias.

Está aí um exemplo para colocarmos as nossas barbas de molho. Até agora, foi tudo bem. As chuvas molharam bem as plantas e ajudaram a encher vários reservatórios das usinas de energia elétrica. Alguns tiveram que abrir as comportas para equilibrar o seu nível.

Mas não se pode contar com isso eternamente. Os que ainda pensam que a água é um recurso ilimitado e eterno estão enganados. Veja o que acontece nas zonas urbanas. Nossos mananciais já deram alguns gritos de agonia. Estivemos à beira do racionamento por inúmeras vezes. E, enquanto isso, vejo pessoas lavando calçadas com esguicho, esbanjando água potável, que custa muito para ser tratada e está em vias de faltar. Não há atividade humana que, direta ou indiretamente, não dependa da água. E a mais essencial de todas, a produção de alimentos, é a que mais consome o precioso líquido.

Se os dados estão reafirmando as mudanças climáticas, ainda que por trás deles haja alguns elementos de incerteza, é hora de levarmos muito a sério o uso da água. A esta altura já devíamos ter implantados nos programas escolares disciplinas específicas para informar as crianças e formar novos hábitos. É do seu comportamento que vamos ter de contar no futuro.

Antônio Ermírio de Moraes é empresário.antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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