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Vários estudos têm mostrado que os programas públicos de transferência de renda, como o Bolsa Família, estão conseguindo reduzir a pobreza.

No curto prazo, não há como substituí-los. Mas, até que ponto as finanças públicas agüentarão? Há ainda sérias dúvidas que seus beneficiários venham a contribuir para elevar a produtividade do país. Melhor seria, é claro, reduzir a pobreza através de trabalhos produtivos. Mas isso depende de educação e de empregos.

No que tange à educação, é auspicioso saber que 68% dos eleitores definem a educação como a máxima prioridade para o próximo governo. A população sabe que, na sociedade do conhecimento, a capacitação profissional é crucial para trabalhar e progredir na vida.

A mesma pesquisa atribuiu um peso de apenas 19% aos programas públicos de transferência de renda, mostrando que o povo prefere caminhar com suas próprias pernas, exercendo uma profissão, e dela gerando a renda que é necessária para a manutenção da família brasileira ("Eleitor quer mais educação para reduzir a pobreza", Jornal Valor, 27/7/2006).

O Brasil conseguiu matricular todas as crianças na escola – o que é positivo. Para competir e ter êxito no mercado do trabalho, porém, é preciso que essas crianças prossigam até o final dos cursos. Este continua sendo um problema sério. A maioria das crianças não chega à 8.ª série. E os que chegam, têm sérias falhas de formação.

No que tange ao emprego, este depende dos investimentos que, como se sabe, têm sido anêmicos. Para estimulá-los, é imprescindível criar-se um bom ambiente para os negócios em geral, além de sanear as finanças públicas de modo a impulsionar os investimentos governamentais em infra-estrutura, educação, saúde e outras áreas.

No mesmo jornal, encontrei uma outra pesquisa (Banco Mundial), segundo a qual o Brasil está no 119.º lugar, entre 155 países pesquisados, em termos de ambiente para os negócios. O custo da burocracia e quantidade de tempo perdido continuam colossais. Isso atravanca os investimentos e, conseqüentemente, trava a geração de empregos.

Os pesquisadores estimam que se tais bloqueios fossem removidos, o PIB do Brasil poderia crescer 2,2% a mais anualmente e a taxa de desemprego seria reduzida em 3,7% em cada ano ("Brasil é um dos países que mais dificultam os negócios", Jornal Valor, 27/7/2006).

Por isso, não basta querer crescer. Aliás, todos querem crescer, mas poucos querem mudar. Essa equação não fecha. São objetivos incompatíveis. Se as reformas estruturais continuarem sendo empurradas com a barriga, ficaremos no assistencialismo o resto da vida.

Antônio Ermínio de Maraes é empresário.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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