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A crise do gás criada pela Bolívia exacerbou o grave problema que o Brasil tem no campo energético. O acordo realizado pela Petrobrás foi o menos pior. A empresa teve de ceder muitos anéis para preservar os dedos. Tudo porque o Brasil não possui gás em quantidade suficiente para tocar o seu projeto de crescimento nacional.

Não é só a Bolívia que chama a atenção para a questão do gás. A Rússia está reavivando o seu desejo de grande potência (dominadora) com base no gás e no petróleo. Sendo possuidora de uma das maiores reservas do mundo, a pressão sobre os consumidores de gás e petróleo aumenta a cada dia.

Os países do Leste Europeu têm uma dependência brutal do gás russo. Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia não podem fazer nada sem o gás russo. O mesmo ocorre com outros países da ex-União Soviética e com grande parte das nações da Europa Ocidental. A Rússia levou a Ucrânia ao desespero quando suspendeu o fornecimento de gás àquele país em fevereiro de 2006.

Gás, petróleo, eletricidade, usinas nucleares, enfim, a questão energética está no centro da economia mundial, sendo determinante de progresso ou de desastre, de avanços ou de retrocessos, de paz ou de guerra. Nesse campo, quem tem mercadoria sabe que dispõe de uma rara preciosidade. Ninguém dá nada em troca.

O Brasil terá seu crescimento severamente comprometido se não investir de forma maciça em energia. A verdade pura e simples é que não temos condições de crescer mais do que 3,5% ao ano com a energia atualmente disponível. Como não temos investido quase nada nesse setor e as obras são sempre demoradas, estamos diante de um quadro que não gostaria de pintar. O Brasil não tem condições de crescer por falta de energia.

O mais triste é ver que isso se dá em um país abençoado por Deus e que dispõe de uma imensidão de alternativas energéticas, em especial, a da energia hídrica, que é a mais cobiçada no mundo por ser não poluente e de custo baixo, além da grande longevidade das usinas.

Avançamos no petróleo e demos alguns passos no território do gás natural. A Petrobrás é uma gigante de competência nessas duas áreas. Mas o petróleo de grandes profundidades está cada vez mais caro e com um futuro demarcado. O gás é inexistente na quantidade de que precisamos.

Os últimos anos foram marcados por muita falação e pouca ação. O Brasil precisa de uma força-tarefa com grande poder decisório para pôr em prática a construção de usinas elétricas que garantirão o nosso futuro.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br

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